A Escola Nacional de Administração Pública recebeu, nesta segunda-feira (06), a primeira turma de Formação de Coordenadores do Programa de Qualificação em Economia Popular e Solidária com os Institutos Federais. Nos próximos dois dias, coordenadores de cursos de economia solidária de Institutos Federais (IF) de todo país serão capacitados para levar dois novos cursos às instituições. Ao todo, 2,8 mil vagas serão oferecidas em IFs das cinco regiões para formação de Agentes de Desenvolvimento Cooperativista Solidário e Gestão de Empreendimentos Econômicos Solidários.
“Esse é um curso de enorme responsabilidade porque a economia solidária tem o poder de estabelecer uma nova cultura e novas relações econômicas. As pessoas que estão aqui hoje podem promover a irradiação desse conhecimento para as comunidades e territórios a que pertencem”, afirmou Gilberto Carvalho, secretário nacional de Economia Popular e Solidária, na mesa de abertura do curso, que vai até amanhã, dia 07. De acordo com o secretário, a capilaridade da rede de educação profissional e tecnológica é fundamental para a temática. “É muito bom quando vemos as instituições educacionais a serviço de projetos populares”, relatou.
Presente em todos os discursos da mesa de abertura, a preocupação com os mortos e feridos pelas enchentes no Rio Grande do Sul pautou parte da conversa. “Acreditamos que uma nova economia seja possível. Uma economia mais social e menos matemática, que nos permita a limitação das nossas ´necessidades´, do nosso consumo. Essa tragédia do Rio Grande do Sul tem muito a nos ensinar”, alertou Flávio Schuch, secretário-executivo adjunto da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Nesse sentido, a solidariedade e o estabelecimento de novos parâmetros também foi apontada como possível solução pela reitora do Instituto federal da Bahia, Luzia Mota. “A economia não tem nada de neutra e nem de autônoma. Acreditamos em outra economia, em outras tecnologias que sejam criadoras de emancipação. Queremos fomentar empreendimentos que distribuam e não concentrem a riqueza”, afirmou. Mais uma vez lamentando a tragédia causada pelas chuvas no Sul do país, a reitora defendeu novas abordagens. “Não acreditamos nessa economia que condena povos à injustiça social e ambiental. Nessa economia que cobra justamente daqueles que não têm nenhum ganho com a degradação da natureza, que são os pobres”, disse.
Presente à formação oferecida nas dependências da Enap, o coordenador do Programa de Qualificação em Economia Popular e Solidária do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Tiago Guimarães já observou a necessidade de capacitação na população manauara. “Eu observo, principalmente em Manaus, essa demanda por ações de cooperativismo. Temos um mercado de artesanato muito rico e vejo que os artesãos não sabem como se articular para vender”, relatou. De acordo com o coordenador, o IFAM ofertará 80 vagas em cursos de economia popular e solidária.
Programa Manuel Querino
O Programa Manuel Querino (PMQ) foi lançado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em novembro de 2023, com a meta de capacitar profissionalmente 100 mil trabalhadores, para contribuir com a formação em geral e garantir o acesso e permanência no mundo do trabalho. O programa de formação de coordenadores do PMQ é uma parceria entre a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), o Instituto Federal de São Paulo e da Bahia, e a Rede IFecosol, formada por servidores da Rede Federal.
No evento, participaram da mesa de abertura Josiane Krebs, representante da Rede IFEcosol, Tatiane Valente, representante do Conselho Nacional de Economia Solidária (CNES), Silmario Batista dos Santos, reitor do IFSP, Luzia Matos Mota, reitora do IFBA, Natália Teles, Presidenta Substituta e Diretora Executiva da ENAP, Magno Lavine, Secretário de Qualificação, Emprego e Renda, Flávio Camargo Schuch- Secretário-Executivo Adjunto da Secretaria-Geral da Presidência da República e Gilberto Carvalho, Secretário Nacional de Economia Popular e Solidária.