Chegou ao fim na sexta (10) o “Datathon: Desigualdades de Gêneros no Serviço Público”. O evento, promovido pela Enap, reuniu em Brasília (DF), por cinco dias, servidores públicos, profissionais de empresas privadas, estudantes e acadêmicos para analisarem o que os dados do Infogov nos dizem sobre o tema. Como produto final do encontro, cada equipe apresentou uma proposta de como usar esses dados visando reverter essas desigualdades.
A grande premiada do Datathon foi a equipe “Sonia”, formada por Vilma Sobral de Oliveira, Gabriela Catunda Peres, Luciana Felix Ferreira, Rosangela Portella Teruel e Izabel Antunes Guarda Faez. A equipe apresentou o projeto NomeiaELA- Painel de Paridade de Gênero em Cargos de Liderança. As melhores propostas foram premiadas com um troféu e a inclusão da sua proposta numa publicação.
Segundo a servidora da subsecretária de Gestão de Pessoas do Distrito Federal, Vilma Sobral, o projeto é a construção de uma ferramenta que dá visibilidade às ocupações de cargos por gênero, por meio de pesquisa. “O usuário pode, por exemplo, pesquisar o ranking dos órgãos que possuem maior paridade dos cargos entre homens e mulheres, pesquisar por qualificação, idade”. E completa: “é uma ferramenta que pode ser implantada em qualquer órgão ou instituição”.
O troféu foi entregue pela presidenta da Enap, Betânia Lemos: “agradeço a todos os participantes, premiados e não premiados, pela participação. É com eventos como o Datathon que a gente começa a mudança no mundo”, concluiu.
O evento
Participaram do Datathon 43 pessoas dos mais diversos perfis. Analistas de dados, psicólogos, professores universitários, estudantes, profissionais de gestão de pessoas de instituições públicas e privadas, estudiosos do tema, todos interessados em debater como combater as desigualdades de gêneros no serviço público e também nas suas realidades profissionais.
Ao chegarem no evento, os participantes formaram equipes. Os primeiros dias foram de oficinas e mentorias sobre o tema e sobre o Infogov, plataforma de dados do governo federal que revela dados sobre os servidores públicos. Os três últimos dias foram de “mão na massa”. Foi hora de pegar os dados e pensar o que eles nos dizem sobre os servidores públicos e como esses dados podem ajudar a administração pública a solucionar problemas de desigualdades internas.
O objetivo era que cada equipe construísse propostas inovadoras sobre política de gestão de pessoal, de seleção, de comunicação ou uma política social. O que importa é que se chegasse em informação que subsidie soluções de combate à desigualdade de gênero no serviço público.
Os participantes
Embora o evento tivesse formato de competição, o combate às desigualdades de gênero no serviço público é uma vitória de todos. E o clima era esse. Cada proposta foi comemorada por todas as equipes.
Segundo o Analista Técnico de Políticas Sociais do Ministério da Previdência Social, Fábio Costa, participar do Datathon deu um panorama sobre a necessidade em se debater as desigualdades de gêneros, e por meio da análise dos dados, ter um raio X da situação das mulheres no serviço público. “Temos muitas mulheres capazes de liderar, quando elas ganham, todos ganham”, completa.
Para a doutoranda em sociologia Carol Loss, “no Datathon pudemos constatar que existem disparidades de gênero no serviço público do Brasil e proporcionar que homens participantes tivessem a chance de saber o que é ser uma mulher no serviço público e pensarmos juntos como a mudança pode ocorrer. A participação de homens é essencial para que ocorram mudanças efetivas”.
Para a advogada goiana Geovana Rocha, “Se quisermos resolver o problema de gênero, temos que ter mais homens debatendo as desigualdades. Elas não geram só mulheres perdendo espaço de trabalho, geram mulheres perdendo vidas”.