Foto: Ana Paula Benvegnu Fornari/Ascom-Enap
A quinta turma do programa Onboarding embarcou, nesta segunda-feira (29), em mais uma semana de práticas e elaboração de estratégias inovadoras para a administração pública federal. Os próximos dias vão contar com uma programação voltada à troca de experiências e conhecimentos essenciais. Para abertura da primeira aula, a head de educação corporativa da Mais Diversidade, Janaina Nolasco Gama, falou sobre o valor da diversidade na gestão pública.
Segundo a diretora de Educação Executiva da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Iara Cristina da Silva Alves, é preciso amadurecer institucionalmente para entender o debate sobre a diversidade e a representatividade no governo.
“O serviço público precisa espelhar a sociedade. É o que chamamos de burocracia representativa. Trabalhamos com recursos públicos, tomamos decisões que vão impactar tanto na vida de pessoas da região amazônica, quanto de grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Essas decisões não podem ser as mesmas para pessoas com realidades tão diferentes. Então, a diversidade da população também deve ser representada no serviço público”, destacou a diretora na abertura da aula magna.
A palestrante Janaina Gama também acredita que todos fazem parte da diversidade, por isso é preciso perceber que os indivíduos são únicos. Ela ressaltou a diversidade racial e de gênero, mas esclareceu que há muitos outros casos a serem estudados e refletidos pela sociedade. “Isso para mim é muito importante, porque o tema é transversal, precisa ser dito, falado, discutido, não apenas no âmbito privado, mas também no âmbito público. A administração pública tem um papel fundamental de reduzir as desigualdades sociais e de incluir, de fato e finalmente, toda a diversidade humana”, disse.
Janaina lembrou que, em uma sociedade onde 56% da população se declara como negra (IBGE 2018) e, ainda assim, a partir da mesma classe social os negros ganham 17% menos que brancos, é necessário implementar dados e pesquisas para comprovar a discriminação nas organizações e gerar uma liderança inclusiva. “A preocupação é incluir toda a sociedade, porque o padrão é excluir. O desafio está em desfazer esse padrão normalizado”, constatou.
Conhecimento e prática
Como exemplo na busca por comprovações da ocorrência persistente do racismo estrutural, a palestrante apresentou a campanha realizada pelo governo do Paraná contra o crime de racismo e a favor das denúncias pelo Disque 100, com o vídeo Racismo Institucional.
Já para a reflexão sobre a diversidade de gênero e as imposições sociais a que cada indivíduo é submetido desde o nascimento, foi apresentado o material produzido pelo movimento HeForShe (uma campanha da ONU Mulheres), intitulado “Se o preconceito de gênero começa conosco, pode terminar conosco”. E, para não esquecer que os homens também são diversos e fazem parte do debate sobre a desigualdade de gênero, Janaina sugeriu o documentário Precisamos falar com os homens? (Do we need to talk to men?), da ONU Mulheres.
Embarque imediato
Parte de uma ação governamental ainda maior, a Formação de Iniciativas Antirracistas (Fiar), lançada em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR), no dia 5 de maio, a quinta turma do programa Embarcando na Administração Pública (Onboarding) vai até o dia 2 de junho, mas a sexta turma já está marcada entre os dias 26 e 30 de junho. Inscrições aqui.
“Um programa como esse não foi pensado somente para que os alunos entendam sobre orçamento, sistemas estruturantes e gestão de equipes. É um programa para todos se conhecerem, fazerem redes. O serviço público é feito de pessoas e são as pessoas que tomam as decisões de políticas públicas que vão mudar, ou não, o nosso País”, explica a diretora Iara Alves.