Ex-presidente do Banco Central apresentou quatro razões que embasam a esperança em dias melhores 

Seis meses após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado a Covid-19 como uma pandemia, alguns cenários começam a ser traçados para o pós-crise. No Fronteiras e Tendências (FronTend) do dia 9 de setembro, o economista, professor e ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco falou sobre as perspectivas econômicas para o Brasil e quais as reformas necessárias para o país crescer depois desse período. “Aprendemos várias lições e temos pelo menos quatro motivos para estar otimistas”, declarou Franco. 

Antes de esclarecer os motivos para a confiança na área econômica, o professor abriu a palestra explicando que a crise atual e a de 2008 são diferentes, e o principal motivo é a quantidade de instituições e pessoas afetadas. Em 2008, a recessão atingiu diretamente grandes bancos. Agora, cerca de 120 milhões de empresas, pessoas físicas e jurídicas foram afetadas no Brasil. “Aquela foi uma crise do atacado, e esta é do varejo”, esclareceu.

 

Conheça a seguir as quatro razões defendidas por Gustavo Franco para prever um cenário econômico favorável no pós-pandemia:

1ª) Janela de oportunidade para o Brasil adotar melhores práticas internacionais

Boas práticas internacionais nas áreas ambiental, social e de governança passaram a ser adotadas no país – algo que antes era visto como imposição externa. Outro avanço foi o emprego de padrões validados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), para resolver possíveis problemas ou situações em setores como econômico, financeiro, comercial e social. Também se confirmou que o Investment Grade (nota atribuída por agências de classificação de risco e que indicam a capacidade que os países têm de honrar e pagar suas dívidas internas e externas) foi positivo para o Brasil. “É bom adotarmos melhores práticas internacionais. Vão nos elogiar lá fora e vai gerar dinheiro para o Brasil”, comemorou Gustavo Franco. 

2ª) Reafirmação da autonomia do indivíduo

Com o estabelecimento da pandemia, as pessoas tiveram que adquirir hábitos relacionados não apenas à saúde individual, mas também ao cuidado com a coletividade – como é o caso do uso das máscaras. “Esse indivíduo que é chamado a tanta responsabilidade não pode ser o mesmo indivíduo hipossuficiente em questões trabalhistas, de consumo. Não mais”, esclareceu o economista.

3ª) Juros nominais de 2% ao ano

“Nunca tivemos juros tão baixos no Brasil, não há precedentes. É novo e diferente, talvez como foi para muitos de nós viver sem inflação alta”, ressaltou. De acordo com o ex-presidente do Banco Central, isso afetará toda a lógica empresarial, de endividamento, empréstimo, acúmulo de caixa, organização de um negócio para ter cash flow positivo e negativo, poupança de recursos para a idade adulta, terceira idade... 

“Tudo muda com juros de 2% ao ano, em vez de juros de 20%! Para o bem e para o mal. Mas a maior parte acredito que será para o bem. Muitas vezes não conseguimos dizer se a exuberância do mercado financeiro tem a ver com os juros de 2% ou tem a ver com o excesso de liquidez criado pelas autoridades monetárias do Brasil e do exterior. É difícil saber, por isso vamos olhar para o que está acontecendo com o mercado financeiro não necessariamente como uma explosão especulativa, mas talvez – pelo menos no caso brasileiro – algo que reflita também nessa alteração tectônica na política monetária e que veio para ficar”, explicou Franco. 

Para ele, essa é uma transformação filosoficamente importante, porque os juros são a distância econômica entre o presente e o futuro. “Durante anos nos queixamos de juros altos e agora começou a era da ‘desintoxicação’. Vamos só deixar a pandemia acabar para aproveitar e tirar melhor proveito disso”, ressaltou.

4ª) Brasil não mergulhou na irresponsabilidade fiscal

“Estou surpreso com o fato de o Brasil não ter mergulhado, mais uma vez, na irresponsabilidade fiscal e na ilusão de que fabricando dinheiro e aumentado a despesa pública a gente vai resolver o problema econômico e tirar o país da crise, da pandemia, da pobreza. (...) Tomara que agora seja o início da nossa fase adulta como nação, pelo menos olhando as finanças públicas”, destacou o economista.

“Isso vem junto com juros baixos, que é muito bom e é uma consequência de termos finanças públicas relativamente arrumadas. Isso obviamente vai embora se as finanças públicas forem desarrumadas. Pode parecer um clichê, mas este é um importante momento de transição e as decisões de agora terão um impacto gigantesco no nosso futuro”, concluiu.

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