Inscrição cancelada com sucesso!

Apresentações destacam o potencial da IA para melhorar a alocação de recursos, reduzir custos, aumentar a qualidade dos serviços e antecipar demandas

Amanda Cardoso


O professor da Universidade de Buenos Aires (UBA), Maximiliano Ríos, destacou a necessidade de convencimento dos políticos sobre a importância da Inteligência Artificial (IA) como instrumento que pode transformar não só a governança, mas também impulsionar o desenvolvimento econômico. Ríos participou de debate no XXIX Congresso Internacional do Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD), realizado na Enap, em Brasília (DF), para discutir os desafios multiníveis da IA nas administrações públicas da região.

Segundo Ríos, a sociedade vive um momento de avanços exponenciais, com a influência da IA em decisões econômicas, sociais e culturais. Porém, o Estado, especialmente na América Latina, ainda opera de forma majoritariamente analógica. Ele afirmou que a IA é uma tecnologia capaz de se igualar com a inteligência humana, aprender e tomar decisões com base em dados e algoritmos treinados e, por isso, no setor público, pode ser usada para decisões automatizadas, como a gestão inteligente de tráfego em grandes avenidas, ajustando semáforos em tempo real, sem intervenção humana.

A pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP), María Elena Zambrano, focou na implementação da IA nas compras públicas. Ela explicou que esse é um processo de longo prazo, principalmente porque questões éticas precisam ser incorporadas às práticas das pessoas. “A opacidade atual dos sistemas de compras públicas beneficia práticas oportunistas e muitos sistemas replicam modelos tradicionais que perpetuam problemas antigos”, ressaltou ela.

María Elena explicou que, ao investigar modelos eficientes, identificou três fatores essenciais: eficiência (comprar com qualidade e bom preço), transparência (prestar contas ao cidadão) e melhoria nos requisitos de aquisição pelo Estado. Para ela, o maior desafio, no entanto, é garantir que esses sistemas não sejam usados por agentes mal-intencionados para fins de corrupção. Modelos como o aplicado na Índia mostram avanços significativos, incluindo o uso de IA, para prever e mitigar comportamentos oportunistas, restringindo práticas inadequadas por meio de controles e sanções.

Uma experiência de uso de IA e automação no Brasil, especificamente em Minas Gerais, foi apresentada por Camila Neves, da Fundação Dom Cabral (FDC). Diante de sérios problemas fiscais e sem perspectivas de expandir o quadro de servidores, mesmo com o aumento da demanda, Camila explicou que as ferramentas de automação disponíveis estavam restritas à equipe de tecnologia da informação (TI), enquanto muitos servidores, que conheciam os processos, ainda utilizavam métodos tradicionais, como o uso de papel.

Nesse contexto, nasceu o projeto AutomatizeMG, com o objetivo de conectar as áreas de TI e de negócios, capacitando servidores a utilizarem ferramentas low-code, para implementar soluções tecnológicas diretamente nos processos. A iniciativa, liderada em parceria com o laboratório de inovação estadual, é um projeto de desenvolvimento de competências, não apenas de IA, mas de transformação digital, para preparar os servidores a acompanhar a evolução da IA ao longo de suas carreiras e evitar que a transformação digital fique restrita a pequenas 'ilhas' no governo, criando abismos difíceis de superar no futuro.

O pesquisador Edgar Gómez, do Departamento de Políticas Públicas da Universidade de Guadalajara (UdeG), no México, apresentou uma análise das realidades e percepções dos servidores públicos nos governos estaduais. Já o professor Ignacio Criado, do Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Autônoma de Madrid (UAM), trouxe uma análise comparativa baseada na Carta Ibero-americana de Inteligência Artificial na Administração Pública.

Sobre o Congresso do CLAD
O XXIX Congresso Internacional do CLAD sobre a Reforma do Estado e da Administração Pública, realizado entre os dias 26 e 29 de novembro, em Brasília (DF), é promovido pelo Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD) e realizado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) em parceria com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
Com 150 horas de atividades na programação, o Congresso contará com mais de 700 participantes, incluindo ministras e ministros de diversos países, secretários de Estado, parlamentares, servidores públicos, sindicalistas e especialistas internacionais. Os debates e sessões têm como objetivo discutir temas como inclusão, democracia e inovação na gestão pública, alinhados às transformações necessárias para tornar o Estado mais eficiente e inclusivo.

Serviço:

XXIX Congresso Internacional do CLAD sobre a Reforma do Estado e da Administração Pública

Data: 26 a 29 de novembro de 2024

Local: Enap - Asa Sul, SPO - Área Especial 2-A, Brasília-DF

Mais informações

Programação completa

Credenciamento de imprensa