O papel da priorização de projetos de infraestrutura sustentável como resposta aos desafios impostos pelas mudanças climáticas foi destaque da mesa-redonda “Estratégias de política pública para gerar desenvolvimento sustentável no Peru e no Brasil em um contexto de mudança climática”, apresentada nesta quinta-feira (28/11). A mesa-redonda foi parte da programação do XXIX Congresso Internacional do Centro Latino-americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD), realizado na Enap, em Brasília.
A subdiretora de Gestão do Conhecimento da Agência de Promoção do Investimento Privado do Peru (PROINVERSIÓN), Lucy Henderson, responsável pela coordenação da atividade, enfatizou o papel central da ciência na formulação de políticas eficazes. "A sustentabilidade não pode ser vista como um objetivo distante. Ela precisa estar no centro das decisões de infraestrutura para garantir um futuro viável para nossas comunidades", afirmou ela. Lucy também destacou a relevância da colaboração internacional para compartilhar boas práticas e adaptar soluções aos contextos locais.
"Não podemos ter um país competitivo se não for sustentável. Além disso, que seja capaz de diminuir as emissões. Não estamos falando do PIB, mas da sobrevivência", alertou a coordenadora do Peru no Grupo de Governadores pelo Clima e Florestas, Fabiola Muñoz, ao apresentar exemplos de problemas provocados ao meio ambiente no país andino e em outros países da América do Sul. Ela destacou a importância de alinhar políticas públicas aos desafios climáticos globais por meio de incentivos bem estruturados e estratégias colaborativas.
"Precisamos colocar os incentivos certos no lugar certo para promover comportamentos que atendam às metas de sustentabilidade. Sem uma decisão política firme e instrumentos claros, não conseguiremos enfrentar os desafios climáticos de forma eficaz", afirmou ela. Fabiola enfatizou a relevância de integrar setores públicos e privados para criar soluções práticas e duradouras, citando como exemplo o esforço do Peru em implementar políticas de produção sustentável de cacau e café, livres de desmatamento.
Considerando o contexto brasileiro, a diretora do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Fabiola Zerbini, expôs a Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa do Brasil (Planaveg), iniciativa lançada em 2020, que tem por objetivo recuperar 12 milhões de hectares.
"Recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa não é apenas um compromisso ambiental, mas uma oportunidade de transformar paisagens degradadas em ativos que impulsionem a economia sustentável e fortaleçam a resiliência climática", afirmou. A diretora do MMA destacou que ações coordenadas entre governo, setor privado e sociedade civil são essenciais para alcançar os objetivos ambiciosos da política. Um dos gargalos apontados é o financiamento para programas como o apresentado por ela. "O que deve ser pensado não é só o custo para implementar um plano como o Planaveg, mas pensar sobre o custo que vai existir se não o cumprir, o custo de não fazer", declarou.
Lucy apresentou ainda formas como a priorização de projetos de infraestrutura pode colaborar para as propostas de preservação ambiental. "Associado a um projeto robusto de infraestrutura que abrange várias áreas está a preocupação com as boas práticas de sustentabilidade, tanto ambiental quanto social e de governança", disse ela. "Projetos de infraestrutura não podem ser apenas funcionais. Eles precisam ser sustentáveis, resilientes e capazes de gerar benefícios duradouros para a sociedade, promovendo uma melhoria real na qualidade de vida das pessoas", afirmou ela.
Sobre o Congresso do CLAD
O XXIX Congresso Internacional do CLAD sobre a Reforma do Estado e da Administração Pública, realizado entre os dias 26 e 29 de novembro, em Brasília (DF), é promovido pelo Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD) e realizado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) em parceria com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
Com 150 horas de atividades na programação, o Congresso contará com mais de 700 participantes, incluindo ministras e ministros de diversos países, secretários de Estado, parlamentares, servidores públicos, sindicalistas e especialistas internacionais. Os debates e sessões têm como objetivo discutir temas como inclusão, democracia e inovação na gestão pública, alinhados às transformações necessárias para tornar o Estado mais eficiente e inclusivo.
Serviço:
XXIX Congresso Internacional do CLAD sobre a Reforma do Estado e da Administração Pública
Data: 26 a 29 de novembro de 2024
Local: Enap - Asa Sul, SPO - Área Especial 2-A, Brasília-DF