A mesa redonda “O cuidado que vem da Água: tecnologias sociais de acesso à água e redução de desigualdades sociais” reuniu representantes da gestão pública, sociedade civil organizada e academia para debater tecnologias sociais de acesso à água implementadas no âmbito do Programa Cisternas, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). O evento foi realizado na tarde desta terça-feira, 29 de outubro, como parte do primeiro dia da 10ª Semana de Inovação, promovida pela Enap, em Brasília.
O Programa Cisternas tem como objetivo promover o acesso à água para consumo humano e produção de alimentos através da implementação de tecnologias sociais simples e de baixo custo. A cisterna de placas é considerada uma ferramenta barata, simples, de baixo impacto ambiental e fácil de replicar pelos lares.
O coordenador da Associação Programa Um Milhão de Cisternas, Antônio Barbosa, iniciativa que conta com apoio do Governo Federal, afirmou que o programa é a forma mais rápida de garantir água para as famílias no semiárido brasileiro. “Quando começamos o programa, procurávamos diminuir a mortalidade infantil. O programa trabalha muito com o cuidado. Sem água não conseguimos fazer as coisas, tomar banho, nos alimentar. Água é vida, mas também pode ser morte, seja pela falta dela ou pela ingestão contaminada”, ressaltou Barbosa.
Além do nordeste
Há um consenso de que tecnologias sociais de acesso à água promovem dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida para a população beneficiada. Em 2023, o Governo Federal retomou o Programa Cisternas, tendo contratado 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o semiárido e as demais para a região Amazônica. O coordenador-geral de Acesso à Água do MDS, Vitor Leal Santana, que moderou o debate, enfatizou a estratégia de implantação das cisternas e de outras tecnologias em diferentes regiões.
Apesar de ser uma área abundante em recursos hídricos, o acesso à água em determinadas áreas da Amazônia pode ser limitado por diversos fatores, dentre eles a vegetação e até mesmo a fauna presente na região, além do risco à saúde devido à presença de mosquitos transmissores de doenças, como a malária, às margens dos rios.
Na Amazônia, as famílias assistidas pelo programa têm acesso à água de qualidade e sentem diariamente os impactos positivos na qualidade de vida, tais como redução de enfermidades relacionadas ao saneamento, como por exemplo, doenças de pele, dores nas costas e parasitoses.
As tecnologias aplicadas nas comunidades atendidas pelo programa consideram questões como acessibilidade, privacidade, qualidade e quantidade de água. Entre as soluções aplicadas estão ferramentas de captação de água da chuva, que garante a instalação sanitária doméstica para abastecimento de banheiro equipado com uma pia, um vaso sanitário e chuveiro, além da pia da cozinha.
A consultora técnica da Coordenação Geral de Acesso à Água do MDS, Carolina Bernardes, acompanhou de perto a discussão com a população da região sobre a implementação de tecnologias de acesso à água. “Depois das instalações, as pessoas passaram a ter orgulho da própria casa. Passaram a chamar outros a visitarem o espaço. Além disso, a qualidade de vida da mulher é impactada porque com mais tempo disponível, elas podem participar de outras atividades de interesse”, disse Carolina durante o painel.
Água, cuidado e mulheres
Os debates realizados durante a mesa redonda foram impulsionados sob a perspectiva do tema que norteia a Semana de Inovação: “Novas formas de cuidar”. O uso da água está ligado diretamente a atividades centrais do cuidado, tais como, preparação de alimentos, banho e cuidado com as crianças e com o ambiente doméstico. Estas atividades são majoritariamente exercidas por mulheres.
“O movimento feminista traz contribuições no sentido de dizer que o trabalho do cuidado não é uma tarefa exclusiva das mulheres. Esta é uma tarefa para todas as pessoas, inclusive, do Estado”, destacou a coordenadora do Centro Feminista 8 de Março, Rejane Medeiros.
Para Rejane, é necessário romper a divisão atual da sociedade para que haja avanço nessa questão. “O Estado deve se responsabilizar por esse trabalho e a sociedade também. Para alterarmos a realidade, temos que romper com a divisão sexual do trabalho. O trabalho do cuidado deve ser assumido por todas as pessoas que precisam dele. A responsabilidade deve ser de todos, não apenas da mulher”, declarou ela.
Sobre a Semana de Inovação
A Semana de Inovação 2024 é realizada pela Enap, em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério das Mulheres e o Tribunal de Contas da União (TCU), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e tem patrocínio de Petrobras, Itaipu Binacional, Instituto Unibanco, Microsoft, IBM/TD Synnex, Fundação Lemann, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), CGI.br, Serpro, Dataprev, Caixa e Governo Federal.
SERVIÇO:
O quê: Semana de Inovação 2024 (entrada gratuita)
Onde: Escola Nacional de Administração Pública - Enap (SPO Área Especial 2-A, Asa Sul, Brasília-DF)
Data: 29, 30 e 31 de outubro
Formato: Presencial e On-line (Apenas as atrações de palco principal serão transmitidas. As demais atividades presenciais só para os participantes in loco. A programação on-line é exclusiva para inscritos on-line)
Mais informações e inscrições: http://semanadeinovacao.enap.gov.br
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