Historiadora e jornalista laureada com o prêmio Pulitzer, se debruça em futuro da democracia, polarização política, fake news e o papel das redes sociais em conferência

 

‘Horizontes da Democracia’ foi o mote do painel de Anne Applebaum, redatora da equipe do The Atlantic, historiadora laureada com o prêmio Pulitzer, no segundo dia da Semana de Inovação 2021. Applebaum trouxe insights e reflexões vindas de seu último livro ‘O Crepusculo da Democracia’ e conversou sobre os desafios da democracia na atualidade. 

No diálogo, a autora falou sobre a polarização política atual e respondeu sobre como ampliar e fortalecer a democracia. "Em vez de participar de organizações cívicas que dão sentido à comunidade, nós estamos isolados em casa dando likes e dislikes e acreditamos que nosso trabalho está feito", criticou. A jornalista ainda falou sobre Fake News, “Falsas informações são espalhadas e campanhas de manipulação são realizadas", e analisou a política adotada pelas redes sociais, mais precisamente o Facebook e o Twitter, "Olhando mais adiante, imagine como seria o mundo on-line se ele refletisse os valores da democracia e não a vontade do Facebook e do Twitter de ganhar dinheiro". 

O tema principal do segundo dia da Semana de Inovação foi "Reflexão sobre o atual contexto de crises e onde localizar nossa ação”. Para isso, o evento contou com uma série de especialistas, além de Anne, que debateram sobre assuntos como gestão de crise em governo, os desafios globais no contexto contemporâneo e a transformação da economia. O dia foi aberto com a conferência ‘Da Covid à Emergência Climática: nosso contexto de crises e incertezas’, onde o político português, Bruno Maçães, abordou temas como as múltiplas situações de emergência atuais e diferentes soluções governamentais para resolução destes desafios. 

O especialista trouxe insights do seu mais recente livro: ‘Geopolitics for the End Time’ e fez um panorama sobre como os governos em todo o mundo lidaram com a Covid-19. "A pandemia foi um ensaio geral do que é emergência climática. Entretanto, ela se tornou uma arena intensa e aguda para competição entre Estados", afirmou. "Temos uma melhor forma de capitalismo: um mais ecológico, que já não obedece a um modelo de regras automáticas do neoliberalismo. Obedecer as regras de mercado não é o fim, mas sim o meio para o sucesso", concluiu.

O segundo painel do dia “O que está na agenda da transformação? Um panorama de desafios globais no contexto contemporâneo”, contou com a pesquisadora inglesa, Madeleine Bunting e Giulio Quaggioto, chefe de inovação estratégica no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Durante o debate, a autora defendeu uma criação de nova consciência do cuidado nas sociedades e no assistencialismo público "Precisamos revisar e reconsiderar uma tradição intelectual de 300 anos que tem sido passado desde o século XVIII, uma cultura na qual o cuidado é marginalizado". Para Madeleine, esse é um trabalho fundamental no contexto de transformações contemporâneo e que pode ser realizado de maneira rápida, visto que ‘"Seres humanos têm instintivamente o sentido de cuidar um dos outros".

O discurso do especialista Giulio Quaggioto, abordou ações de remodelação das instituições públicas e a necessidade em pensar em novos caminhos para resolver desafios globais. “Nós temos de ter coragem de dizer que não sabemos qual é a solução e criar novas fontes de colaboração. Isso começa conosco. Precisamos buscar este exemplo de nós mesmos para que isso seja feito de maneira consciente", contou Quaggioto, que ainda definiu que "o que é importante para as instituições é começar a questionar a nossa identidade".

“Economia em transformação: sustentabilidade, desenvolvimento e tecnologias”, foi o tema do terceiro painel do dia. Esse contou com ​​Theodor Christensen, Diretor de Finanças Sustentáveis da Autoridade de Supervisão Financeira Dinamarquesa, Carlota Perez, pesquisadora, professora e consultora internacional, Paula Berman, pesquisadora de identidade digital e praticante de tecnologia cívica, e Morgan Doyle, representante do BID no Brasil.

O painel começou com a fala de Christensen que contou que "A transição para uma economia de baixo carbono, mais eficiente em termos de recursos e mais circular, alinhada às diretrizes do Desenvolvimento Sustentável, é fundamental para garantir a competitividade da economia a longo prazo". Já a professora Carlota Perez, debruçou o seu discurso em um uma análise global sobre a evolução da tecnologia e concluiu a sua fala em tom positivo. “"Nós estamos em um momento de mudança, em que o paradigma desta revolução informática está em seu momento de esplendor. Estamos perto das oportunidades transformadoras das tecnologias da próxima revolução tecnológica", afirmou.

Paula Bermann, COO da RadicalxChange, aproveitou sua fala para abordar a questão da tecnologia para inovação em sistemas de votação. A executiva apresentou a ideia do voto quadrático que, segundo ela, favorece as demandas das minorias e impossibilita que esses grupos sejam dominados por maiorias. "Em grupos pequenos conseguimos ter uma riqueza de debates que não conseguimos quando eles são feitos em larga escala", contou. Morgan Doyle, por sua vez, falou sobre a sustentabilidade no serviço público, que deve ser vista como uma obrigação. "A sustentabilidade não deve ser encarada como uma obrigação, mas como uma estratégia para aumentar a resiliência", contou. 

O encerramento do palco contou com o cartunista e humorista Adão Iturrusgarai, que desenhou ao vivo uma arte representando o evento de hoje: um planeta sob o divã, sendo aconselhado pelo analista: ‘não esquenta!’. Para além do “astro central”, o dia ainda contou com atividades nos demais palcos espalhados pela galáxia SI-021. 

Serviço:

Semana de Inovação 2021

Data: de 9 a 12 de novembro

Preço: gratuito

Formato: online

Inscrições: Abertas! Pelo site gov.br/enap/semanadeinovacao

Sobre a Semana de Inovação

A Semana de Inovação 2021 tem como objetivo reunir os principais especialistas do setor para promover debates e troca de experiências sobre iniciativas de uso de tecnologias, metodologias e processos para melhorar o serviço público brasileiro. É um evento que tem como realizadores: Escola Nacional de Administração Pública (Enap), o Tribunal de Contas da União (TCU), a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Ministério da Economia, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Anatel e o Governo Federal.

Em 2021, o evento, considerado o maior de inovação em governo da América Latina, chega a sua sétima edição. Com o tema “Ousar Transformar”, a Semana de Inovação 2021 acontecerá entre os dias 9 e 12 de novembro no formato online. Dataprev, Oracle, Huawei, NIC CGI, Microsoft, Serpro, Banco do Brasil, Embratel, EDS e AWS já são patrocinadores desta jornada! Além do apoio da Embaixada da Dinamarca, Sebrae, BID, República, Hepta, KES, Unilever, Banco do Nordeste, SENAI, ABDI, IMM, Embaixada dos EUA, Demos Helsinki e OCDE.

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