No dia internacional das mulheres, 8 de março, a Enap promoveu atividades para discutir o papel e a participação das mulheres na economia e na política. As ações fazem parte da programação que ocorre durante todo o mês de março, que somam um conjunto de eventos de capacitação em temas que focam na igualdade de gênero e empoderamento feminino, promovidas pela Escola.
Uma roda de conversa, com a transmissão do documentário “Como Ela Faz”, reuniu a professora Gina Vieira, uma das 12 personagens reais acompanhadas pelo filme, Vanessa Sampaio, analista de programas para área de empoderamento econômico da ONU Mulheres e Renata Carvalho, assessora da Diretoria Executiva da Enap. Com o tema: "Mulheres, meninas e a economia do cuidado: como avançar na política de garantia de direitos", as três debateram sobre como a formação e distribuição da organização social impacta na realidade das mulheres.
Durante a conversa, Renata fomentou o debate com perguntas para as duas convidadas. “A organização social do cuidado reforça desigualdades. Eu nasci em um país que é naturalizado que haja novelas, filmes e músicas que reforçam essa subalternidade da mulher. [...] Esses modos simbólicos moldam as nossas emoções atuando com pedagogias afetivas”, afirmou Gina.
Foto: Ana Paula Fornari Benvegnu/ Ascom Enap
A professora é fundadora do projeto de valorização da mulher chamado “Mulheres Inspiradoras”, presente em 50 escolas do Distrito Federal e em uma escola de Moçambique. A ideia nasceu em 2014 depois de Gina assistir um vídeo postado por uma de suas alunas em uma rede social. Nas imagens, a jovem, de 13 anos, se apresentava dançando. “A música que era executada tinha um apelo erótico e depreciativo à figura da mulher; a roupa que a menina usava e a coreografia que ela fazia, tudo isso deu ao vídeo um teor que me incomodou”, explica.
O trabalho é realizado com a leitura de obras escritas por mulheres. “Eu queria dizer para as minhas alunas: há outras possibilidades para nós. Eu levo para a sala de aula biografias de mulheres que se recusaram a seguir o modelo que o patriarcado implantou pra nós. Coloquei desde grandes nomes da academia e mulheres quase sem escolaridade mas que são conhecidas por seus grandes feitos”, explicou Gina.
Em 2016 foi publicado o livro “Mulheres inspiradoras”, em que os alunos do Centro de Ensino Fundamental nº 12 de Ceilândia (região administrativa de Brasília) contaram as histórias das mulheres de suas famílias.
Mesa redonda
A mesa redonda "Protagonismo político das mulheres indígenas e o impacto nas políticas públicas", formada em grande parte por mulheres indígenas, contou com a presença da presidenta da Enap, Betânia Lemos, Rita Potiguara, diretora da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) no Brasil, Ana Patté, da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), Célia Xakriabá, deputada federal, Ana Claudia Pereira, analista de programas da ONU Mulheres (mediação), Anastasia Divinskaya, representante da ONU Mulheres no Brasil e Annette Bul, Ministra-conselheira da Embaixada da Noruega.
Na primeira parte, Betânia reafirmou a importância da equidade de representações na política e a necessidade de discussões no governo para permitir que as demandas mais urgentes sejam ouvidas e atendidas. “Felizmente, o aumento de representação pode facilitar o direcionamento de emendas parlamentares e a efetivação das políticas. Ainda se faz necessária uma ocupação maior dos espaços de decisão para a afirmação da luta indígena na pauta nacional”, disse a presidenta da Enap.
Ela também afirmou o compromisso da Escola em fortalecer as discussões acerca das pautas indigenistas no Brasil. “E por isso, entendemos que é papel da nossa escola, também, fortalecer as discussões acerca das pautas indigenistas no Brasil, visando promover melhores políticas públicas e, assim, evitar que ocorram outros erros, em especial crises humanitárias como a que assola o povo Yanomami, com quem nos solidarizamos e estendemos nossas mãos”, afirmou Betânia.
Foto: Sarah Paes/ Ascom Enap
Annette Bul reafirmou o compromisso norueguês com essa agenda. “A Noruega está comprometida com a agenda 2023 de não deixar ninguém para trás. Agimos no apoio e fortalecimento de lideranças. A participação das mulheres em todas as partes da sociedade é uma força motriz. Este ano a embaixada está comemorando 40 anos de apoio aos povos indígenas. Essas mesmas comunidades são as mais vulneráveis devido aos desastres ambientais e mudanças climáticas. Tem sido uma parte importante de apoio norueguês para o Brasil”, disse.
No segundo momento, a mediadora Ana Claudia Pereira conduziu o debate. “A ideia do nosso encontro hoje é levantar o debate, a partir das contribuições das especialistas que compõem esta mesa, sobre a importância de participação política de mulheres indígenas, para que, assim, possamos entender também o impacto dessas mudanças em políticas públicas”, disse no início de sua fala.
Ana convidou então todas a responder a pergunta: “quais os impactos que a presença dessas mulheres nesses espaços terão na política nacional,em termos de governança e políticas públicas?”. Para assistir ao debate completo acesse o canal da Enap no Youtube.