Foto: Sarah Paes/Ascom Enap
A inteligência artificial, seus benefícios, avanços e a gestão de riscos foi pauta do Café com debate - a promessa e o potencial da IA generativa para o setor público, desta quinta-feira (10), na Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Como convidado especial para falar sobre a inovação e o envolvimento com a sociedade, a escola recebeu o CTO da Microsoft, Dave Sloan, e, como debatedores, o presidente da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), Rodrigo Assumpção, e o diretor do departamento de Infraestrutura de Dados Públicos da Secretaria de Governo Digital (SGD), do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Renan Gaya.
De acordo com a presidenta da Enap, Betânia Lemos, o evento é uma sequência à discussão sobre a ferramenta no setor público, em especial, a inteligência artificial generativa, lançada em novembro de 2022, que já movimenta tanto o país quanto o mundo. “Como gestora pública, ressalto a importância de promovermos esse debate sobre a IA porque, por meio dessas novas integrações de ferramentas tecnológicas para a solução de problemas públicos, vamos conseguir atender as demandas da população de uma maneira mais precisa, mais rápida e mais aderente à solução dos problemas dos cidadãos”, avaliou.
O convite à Microsoft reforça o papel da empresa como um dos principais players de mercado, referência no tema, dedicada a apresentar inovação, tecnologia e melhoria ao serviço público, com segurança e privacidade. Para Dave Sloan, a ferramenta impacta, ainda, na economia de custo e tempo. “Entendemos que os problemas e desafios que os governos têm que enfrentar estão se multiplicando em números e complexidades. Por isso, se conseguirmos ser mais eficientes, poderemos dedicar mais tempo à sociedade, e não apenas a tarefas diárias. Se integrarmos (a inteligência artificial) ao nosso fluxo de trabalho, veremos melhorias dramáticas no custo de produção”, afirmou.
Pensando nisso, a Microsoft, segundo o CTO, criou novas metodologias, procedimentos, ferramentas e processos que reforçam uma IA responsável desde a criação ao monitoramento e processamento da ferramenta. Sloan enfatizou o quesito segurança de dados e o fato de que a empresa não compartilha informações de usuários, apesar dos riscos iminentes.
“Nada disso é factível a não ser que possamos estabelecer um nível de confiança. Seus dados são seus dados. O que você utiliza nunca será compartilhado fora da sua conta particular. Não queremos explorar ou monetizar essas informações”, garantiu.
IA geradora
“Um avanço tecnológico completamente inevitável”. Foi a definição dada pelo presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, à inteligência artificial generativa. Já presente em diversos cases do serviço público, esse braço tecnológico auxilia com processos de criação, como na própria minuta de documentos públicos; no resumo, inclusive de reuniões; traduções; na busca por soluções; na automação, recomendações e prevenção, mas sob alguns riscos e a demanda de uma regulação eficiente e equilibrada.
“Não é um processo perfeito, mas de altíssima qualidade e imensurável e que, no mínimo, alcança o parâmetro das pessoas. O meu medo é deixar de perceber a diferença entre IA e o trabalho humano. A confiança é importante para qualquer coisa, mas não tem nada que vicie mais do que a própria confiança. Ela elimina a desconfiança”, sugeriu Assumpção. Para ele, a automação do processo bem-sucedido leva também à automação da confiança.
Uma independência que já tem gerado discussões em todo o mundo, especialmente quanto ao vazamento de dados. Para Renan Gaya, a regulação é o primeiro desafio e esse processo precisa de princípios e diretrizes, transparência, explicabilidade, participação humana e responsabilização. Ele também destacou o viés e a discriminação como riscos para a produção de dados pela IA, já que a sociedade reflete estereótipos. “Nós, enquanto poder público, temos uma responsabilidade grande frente aos desafios que estão chegando. Se eu não tenho medidas para equilibrar isso, será que não vou perpetuar o que poderia melhorar com o tempo? Esse risco precisa ser tratado”, ressaltou.
Enap generativa
Segundo dados apresentados pela SGD, 75% dos servidores públicos ainda precisam de alguma qualificação em relação ao projeto de transformação digital, uma meta para a Enap, conforme a diretora de Educação Executiva, Iara Alves. “É algo que nos traz uma responsabilidade muito grande. Somos capazes de aprender de tudo, mas principalmente refletir. Como servidor público, sempre se perguntar o que Estado e o governo podem fazer, e lembrar que nós somos esse governo”. E completa: “nós precisamos construir elementos e nos qualificar para isso. Construir um processo mais sólido de capacitação no governo ouvindo os parceiros e todos que chegam até nós”.
Aliada à Secretaria de Governo Digital, a Enap constantemente tem participado de eventos, dentro e fora do Brasil, para capacitação no tema. Com a recente ascensão da inteligência artificial generativa, a escola promove eventos para abordar a temática. Uma maneira de, segundo a presidenta Betânia, preparar e capacitar a administração pública para identificar as melhores ferramentas e soluções de problemas.