Escola Nacional de Administração Pública (Enap) reuniu nesta semana especialistas de dentro e fora do governo para lançar o projeto Tempo de criar: uma agenda de futuros para o Brasil. O objetivo é construir ideias e propostas de mudança para o Brasil nos seguintes eixos: futuro sustentável e de baixo carbono, infraestrutura, prosperidade social, progresso econômico e agilidade institucional. O documento será construído colaborativamente por meio de oficinas facilitadas que contarão com a participação de especialistas em cada eixo, de dentro e fora do governo.
Para o presidente da Enap, Diogo Costa, o progresso é uma escolha política. Ele afirma que, no passado, o Brasil já teve posição de maior protagonismo e que hoje amarga mais de 30 anos de estagnação de produtividade. “Queremos que esta agenda seja uma escolha pelo progresso, inovação, melhoria e bem-estar social. Acreditamos numa agenda de progresso que coloque nosso País de volta em uma trilha de futuros, disse Costa.
Segundo a diretora de Inovação da Enap, Bruna Santos, o objetivo é reunir propostas que contribuam para a construção de um governo mais ágil, capaz de fazer entregas e aprender com seus erros.
Os palestrantes Carlos Santiso, da OCDE, e Eli Dourado, do Center for Growth an Opportunity, da Universidade Estadual de Utah, debateram tendências e novas ideias que possam guiar a agenda de inovação e governo nos próximos anos.
Agilidade e transformação em governo
A centralidade dos cidadãos foi destacada por Carlos Santiso, que abordou a transformação digital como grande oportunidade.“ A pandemia acelerou a digitalização e atualização dos serviços. O desafio daqui pra frente é a simplificação e o redesenho dos serviços”, afirmou. O gerenciamento de volumes cada vez maiores de dados, o respeito à privacidade, a criação da identidade digital segura para acesso aos serviços online foram pontos de atenção trazidos pelo palestrante.
E como seria o país do futuro?
“A história de que o Brasil é o país do futuro não pode ser mais uma piada”, salientou Eli Dourado, nascido no Brasil e hoje influenciador da agenda internacional de inovação. Para Eli, um país do futuro é aquele que tem ganhos em setores-chave como saúde, energia, transportes e setor governamental. Ele avalia que existe uma lacuna no setor de saúde entre o que está sendo usado em laboratório e o que chega ao mercado. “As vacinas do tipo mRNA eram usadas pelos cientistas para criar proteínas em laboratórios desde 1989. Foi preciso uma pandemia em 2020 para vermos tratamentos humanos usando esta tecnologia”, afirmou. Dourado avalia que, ainda assim, não há vacinas atualizadas para novas versões do vírus, nem tratamentos para o câncer, que já poderiam estar no mercado com o uso da mesma tecnologia. E como se trata de uma área com mercado global, o Brasil poderia capitanear o fechamento dessa lacuna, considerando que tem a sexta maior população do mundo. Na pauta energética, Eli destacou oportunidades para o Brasil que outros países desenvolvidos estão deixando de tomar pelos seus entraves burocráticos, como captura de carbono e investimento em energia solar.
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