O dilema é ancestral, mas os desafios são atuais; confira como tem sido a nova rotina dos cursos de especialização da Enap

Gleison Terno 2Inicialmente vista com alguma desconfiança, a educação remota para os cursos de especialização oferecidos pela Enap ganham cada vez mais espaço na rotina e na experiência positiva dos alunos, professores e coordenadores. E a curva de aprendizado com o novo ambiente e novas formas de ensino é evidente. 

Como relata Gleison Gomes da Costa, aluno do MBA, as impressões iniciais eram de que o rendimento das aulas não seria satisfatório. Para ele, isso se devia tanto porque os docentes estavam aprendendo a usar a ferramenta e a coordenação, se ajustando ao novo cenário quanto pelas muitas dúvidas e incertezas dos próprios alunos, "As impressões iniciais logo foram embora. O espaço colaborativo e de muita resiliência logo se formou e a condução e aproveitamento da disciplina foram além das expectativas”, declara Gleison (foto à esquerda). 

Atualmente, os cursos de pós-graduação lato sensu da Enap contam com 455 alunos. Dois dos 04 cursos migraram em março da modalidade presencial para a educação remota devido à pandemia de Covid-19, que levou a Enap a prontamente adaptar e ajustar a modalidade de oferta, sem prejuízos do calendário escolar ou da qualidade do conteúdo ofertado. Dois dos quatro cursos de pós-graduação estão na fase de elaboração de trabalhos de conclusão, também de forma remota.

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No caso do MBA em Pessoas, Inovação e Resultados, que teve início em novembro de 2019, a "virada de chave" para a plataforma de aulas remotas aconteceu no mesmo dia em que o Ministério da Educação publicou portaria sobre a substituição da modalidade presencial por modalidade remota, em 17 de março. 

Uma curiosidade é que, no caso desse MBA, no momento da migração a turma estava cursando a disciplina de gestão de mudança. “Isso foi um excelente objeto de estudo, permitindo analisar e vivenciar a gestão de mudanças em nossas aulas”, afirma Gleison, que é coordenador de desenvolvimento de pessoas no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT.

As possibilidades e a dinâmica da aula no ambiente virtual surpreenderam João Marcelo de Faria, aluno do curso Especialização em Gestão de Políticas Agropecuárias – EGPAgro. Para ele, as primeiras impressões, ótimas, foram mantidas ao longo das semanas. 

O ambiente acadêmico presencial, entretanto, deixa saudades em outros alunos, como Neidson César (foto à direita), do curso EGPAgro, que trabalha na Conab. Ele afirma gostar de estar presencialmente nas aulas, pelo ambiente, pela presença física dos docentes e colegas de turma, onde a interação é melhor. Ele também afirma que com o passar do tempo o paradigma da mudança foi vencido. “Aquela velha retórica de 'onde acessa?', 'esse sinal está ruim', 'a fala está cortando', ´volta do início' foi sendo superada", afirma. 

Desafios da migração para o ambiente virtual

caio.JPGSobre aspectos pedagógicos, há quem avalie ser cansativo mentalmente permanecer em aula após um longo dia em frente ao computador pelas atividades de home office. A interação entre professor-aluno, atividades distintas das aulas presenciais, atenção e apreensão de conteúdo, entre outros aspectos pedagógicos, seriam beneficiados com um planejamento das disciplinas, desenvolvendo-as já como atividades online. 

Os alunos ouvidos destacam que houve ajustes no calendário inicialmente proposto por conflito de agendas de professores ou a pedidos dos próprios alunos. Para Caio Augusto de Almeida (foto à esquerda), também aluno do EGPAgro, a necessidade de adaptar o cronograma é compreensível e a coordenação do curso tem sido bastante hábil em conseguir conciliar tais necessidades com as demandas e compromissos externos da turma.

Quem teve que fazer mudanças na rotina acadêmica e pessoal foi o estudante Neidson César, do EGPAgro. “Onde antes tinha uma mesa no home office em casa, tive que colocar duas, pois meu esposo também tem aulas de mestrado de casa, em horários semelhantes aos meus. E meu filho está tendo homeschooling. Apesar de respeitarem meus horários de aulas virtuais, às vezes me tiram do foco”, afirma Neidson.

Gleison diz que continua com seus horários reservados para estudos, procurando estar presente em todos os momentos das aulas. Para ele, a principal mudança foi não ter que se deslocar do trabalho para a Enap. Ele consegue fazer tudo com mais calma e economia de tempo. “Um pouco de mudança é o desafio de interagir menos com os colegas e professores pela própria dinâmica da aula”. 

Em função de ser morador na Asa Sul, Caio Augusto não pode falar que ganhou tempo de deslocamento. “Minha casa fica a cinco minutos da Enap. O que mudou e trouxe algum impacto na vida acadêmica foi o fato de, em função das orientações de isolamento social, começar a fazer a minhas atividades do trabalho de casa. Isso trouxe a oportunidade de um melhor gerenciamento do meu tempo", disse,  "A possibilidade de intercalar atividades do trabalho com atividades acadêmicas e domésticas e o melhor gerenciamento do tempo são, sem dúvidas, os maiores benefícios das atividades virtuais”, afirma Caio.

O ganho de tempo por não precisar enfrentar trânsito é citado como vantagem também por João Marcelo de Faria. Ele ressalta que, nas aulas remotas, a maioria das intervenções dos alunos mantêm relação  com o que está sendo discutido na aula. Como desvantagem da nova modalidade, ele cita a maior dificuldade na troca com os docentes.

 

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Ferramentas e dinâmica de interação

Renata de Abreu, Coordenadora de Especialização da Enap, esclarece que os professores receberam orientações sobre formato e duração das aulas. Houve também revisão dos planos de ensino, com soluções como aulas de no máximo duas horas, com intervalo, e atividades complementares (individuais e em grupo), utilizando ferramentas de colaboração e de enquetes interativas, por exemplo. 

Além disso, a Enap disponibilizou uma sala de aula virtual para os professores, na Plataforma Classroom, alimentada colaborativamente com materiais, informações, dicas de uso de recursos e metodologias e troca de experiências para instrumentalizar os docentes que não estavam adaptados às tecnologias interativas.  

“Essas ações mostram todo o esforço da equipe Enap para apoiar os professores e entregar para os nossos alunos aulas interativas e inovadoras. Primamos pela qualidade e pelo respeito aos nossos alunos e estamos trabalhando para aprimorar, diariamente, as nossas ofertas com planejamento, revisão de métodos e orientação contínua dos nossos coordenadores de curso”, afirma Renata Abreu.

Os alunos apontam que o empenho de todos – coordenação do curso, professores e colegas – foi fundamental para o período de transição. E manifestam a convicção de que tal empenho continuará fazendo diferença positiva no tempo que falta para a conclusão dos cursos. “Sempre que precisamos, o apoio vem de forma plena”, afirma Neidson César. Ele destaca, além dos docentes e curadoria do curso, o trabalho da coordenação da especialização que cursa, nominalmente de Leonor Assad e Teresa Labrunie.

Enfim, parece que não há dilema. Enfrentar é a palavra de ordem para os alunos dos cursos de especialização. Para a Enap, essa adaptação tem sido um grande desafio que, segundo Bruna Tenório, Coordenadora-geral de Pós-Graduação Lato Sensu da Enap, "abraçamos com profissionalismo, engajamento das equipes e olhar inovador, para não perdermos a qualidade, já consagrada, da nossa oferta”.

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