Como melhorar a sociedade através da educação individual? Para a ativista e escritora Chloé Valdary, que tem aplicado a Teoria do Encantamento na formação de lideranças e no combate compassivo ao racismo, temos que lembrar que o ser humano é ambíguo e seu impulso de se expressar é algo forte e que faz parte da natureza. Em sua participação na quinta edição do Fronteiras e Tendências deste ano, no último dia 28 de abril, Chloé apresentou seu programa de resolução de conflitos que busca desenvolver essencialmente um bom caráter, resiliência e amor próprio. “A identidade de uma pessoa não pode ser simplesmente fixada ou encaixada em uma caixa monolítica. É importante lembrar que uma pessoa contém multitudes”, afirma a escritora.
A Teoria do Encantamento é uma estrutura inovadora que combina educação socioemocional, desenvolvimento do caráter e crescimento interpessoal como ferramenta para o desenvolvimento de lideranças. No bate-papo com Diogo Costa, presidente da Enap, a escritora que já capacitou alunos, escolas, empresas e governos em vários países, incluindo Estados Unidos, África do Sul, Holanda, Alemanha e Israel, ressaltou a importância da aplicação dos três princípios fundamentais da teoria no desenvolvimento do ser humano:
- Tratar pessoas como seres humanos e não como distrações políticas;
- Ao criticar, elevar e empoderar, nunca com o intuito de derrubar ou destruir;
- Fazer tudo com amor e compaixão. Amor no sentido do termo grego ágape, não baseado em condições.
Aplicar a Teoria em governos e, dependendo do caso, promover a quebra de certos tipos de culturas enraizadas nas organizações é um dos desafios que Chloé pretende quebrar. “Temos diferentes formas de trabalhar com o setor público e com o setor privado, pois depende da natureza da organização. Por exemplo, no setor privado existe menos burocracia, menos barreiras. Assim, é mais fácil chegar ao topo do poder, mas quando trabalhamos com agências e governos, e eles realmente querem prosseguir com o programa, é bem fácil”, explica Chloé.
Durante sua participação no FronTend, ela explicou como utiliza a cultura pop para ensinar coisas simples que podem fazer a diferença. O Rei Leão, Moana, Aladdin, O corcunda de Notre-dame, A pequena sereia e Toy story 3 são alguns exemplos de filmes da Disney utilizados para exemplificar condutas e ações que, muitas vezes, são realizadas no cotidiano tanto para o bem, quanto para o mal e que muitas vezes não percebemos.
“Hakuna Matata, embora seja uma música muito cativante, pode levar você a pensar que é algo para se inspirar, mas Hakuna Matata, e essa é a lição que Simba deve aprender,não é a forma como você deve viver sua vida. Você tem responsabilidades. Assim como temos direitos, também temos responsabilidades. Somos responsáveis pelas pessoas ao nosso redor, por nossa família, amigos e nossa comunidade, e isso é algo que Simba deve realmente aprender e o porquê ele finalmente deixa o exílio e retorna à Pedra do Reino”, explica a ativista se referindo ao famoso bordão utilizado pelos personagens da Disney no filme O Rei Leão.
Confira abaixo os principais pontos da conversa entre Chloé Valdary e Diogo Costa e assista a entrevista completa em nosso canal do YouTube na versão original em inglês e na versão em português.
- A teoria do encantamento em 3 princípios básicos
- Como adotar a teoria do encantamento em governos: diferenças entre sua aplicação no setor público e privado
- A capacidade de construir conexões e práticas recomendadas
- O encantamento em tempos de trabalho remoto: a importância dos rituais para criação de significados
- O humor como uma ferramenta possível de encantamento
- Como lidar com um líder com baixa autoconsciência emocional
- Como usar críticas para empoderar alguém
- A necessidade de chegar a um equilíbrio no uso das mídias sociais
- Recomendação de livros e filmes