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Mais de 40 mulheres - entre prefeita, vice-prefeitas e secretárias - participaram do curso “Captação de recursos externos para financiamento de políticas locais com perspectiva de gênero”, da Enap, em parceria com o MPO

 “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.” A frase, dita por Angela Davis em 2017, em uma conferência na Bahia, poderia bem resumir o diálogo promovido nesta sexta-feira (10/5), último dia do curso “Captação de recursos externos para financiamento de políticas locais com perspectiva de gênero”.

A conversa reuniu, na Escola Nacional de Administração Pública (Enap), a CEO do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa, a economista principal do Banco Mundial para o Brasil, Shireen Mahdi, e a especialista em Turismo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Juliana Bettini. Dirigindo-se a um público de prefeita, vice-prefeitas, secretárias estaduais e municipais de todas as Regiões do Brasil, as painelistas apresentaram experiências e perspectivas para a geração de emprego e renda, sempre observando o papel central das mulheres negras nesse processo.

“Queremos quebrar o telhado de vidro do microempreendedorismo e nos tornar grandes empresárias”, provocou Adriana Barbosa, criadora da maior feira de cultura negra da América Latina, a Feira Preta. "A questão não é apenas apostar em empreendedorismo, mas em empreendimentos econômico-culturais com caráter étnico. O alcance é muito mais profundo”, afirmou a CEO.

Uma das participantes do curso foi Esmênia Miranda, vice-prefeita da capital do Maranhão. Ela destacou a importância da representatividade negra nos espaços de poder. “Eu sou a primeira vice-prefeita negra de São Luís. A primeira, em 411 anos de uma cidade onde 74,3% da população é negra”, ressaltou.

 

Atraindo investimentos

Conhecidas como “guerras fiscais” entre os entes federativos, a prática de oferecer descontos tributários cada vez maiores para atrair empresas geradoras de emprego promete terminar assim que a Reforma Tributária entrar em prática. Nesse cenário, a economista principal do Banco Mundial para o Brasil, Shireen Mahdi, questionou os rumos das economias locais. “Como vocês pretendem atrair empresas e criar empregos?”, provocou, dirigindo-se à plateia. “Para melhorar a economia local, precisamos investir em melhorar o ambiente de negócios, diminuir a burocracia”, revelou.

O turismo foi levantado como alternativa para geração de emprego por Juliana Bettini, especialista no setor dentro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Na hotelaria da América Latina e Caribe, temos 60% da força laboral formada por mulheres. Entretanto, apenas 37% dos postos de liderança do setor de turismo são ocupados por mulheres”, apontou. Para modificar essa realidade, a especialista sugeriu a criação de roteiros turísticos afrocentrados. “Já presenciamos a importância de ter pessoas negras liderando esses processos. Precisamos refletir que tipo de empregos estamos criando no Brasil”, conclamou.

O painel “Como impulsionar Geração de Emprego e Renda nos Estados e Municípios” foi moderado pela especialista de gênero na Agence Française de Développement (AFD), Marília Bonfim.

 

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