A educação superior no Brasil, que já é predominantemente privada, passou por uma profunda transformação após a pandemia de covid-19. Atualmente, 61% dos estudantes ingressam no ensino a distância (EAD). Apenas 22% querem estudar exclusivamente na modalidade presencial. Essa mudança terá impactos nas políticas públicas de educação e foi um dos temas debatidos na Semana de Inovação 2022 nesta quarta (10).
“A cabeça dos estudantes mudou. Vinha mudando, mas foi acelerada pela pandemia”, afirmou Celso Niskier, da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). “Não adianta a gente, como associação do setor, ficar reclamando. fazendo mimimi. Temos que propor soluções”, garantiu.
No palco Holofote, Niskier contou que é importante ouvir o aluno. Por isso, estão sendo feitas pesquisas e os dados mostram que os alunos ainda gostam da sala de aula tradicional. No entanto, querem um ambiente virtual de apoio e algumas atividades virtuais. Também almejam a flexibilidade de realizar trabalhos e atividades fora do campus.
Ele explicou que não há uma receita para o caminho que as instituições devem seguir. Em um pedido de colaboração do governo, segundo o palestrante, as instituições privadas foram provocadas a fazerem um projeto-piloto para medir a empregabilidade de quem sai da faculdade. Isso ajuda a dimensionar a oferta de cursos, mas também a fazer a avaliação da qualidade da instituição.
Foi feito um piloto com 10 instituições de todo o Brasil. Perguntaram aos egressos, depois de um ano de formados, se eles estavam ou não trabalhando. O relatório de empregabilidade mostrou os seguintes dados: nas áreas de computação e engenharia, há um alto índice de empregabilidade. O que surpreendeu, entretanto, foi que poucos jovens escolhem se tornar engenheiros.
Esse efeito de muita oferta de vagas e poucos alunos formados também foi visto na área de saúde. E cresceu muito na pandemia, quando muitos formados foram absorvidos rapidamente pelo mercado de trabalho.
Uma das preocupações de Niskier é o desestímulo para a formação de professores pelos baixos salários. Para ele, certas carreiras de interesse da sociedade devem ser estimuladas por meio de financiamento estudantil. “Esse diálogo tem sido feito com a com o governo”, defendeu.
Sobre a Semana de Inovação
A Semana de Inovação tem como objetivo reunir os principais especialistas do setor para promover debates e troca de experiências sobre iniciativas de uso de tecnologias, metodologias e processos para melhorar o serviço público brasileiro. É um evento que tem como realizadores: Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Tribunal de Contas da União (TCU), Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e Ministério da Economia. Além da correalização do Ministério da Saúde, do SUS, do Ministério da Educação, da Funasa, do Inep, da Fundação Joaquim Nabuco e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).
Em 2022 o evento chega à 8ª edição. Com o tema “Tempo de criar”, a Semana de Inovação 2022 acontece entre 8 e 10 de agosto em formato híbrido, on-line e presencial em Brasília, no Rio de Janeiro e em Recife. Dataprev, Serpro, Adaps, Sebrae, BID, Cateno, 99, Gringo, Microsoft, Nic.Br, CGI.Br e Zoom já são patrocinadores desta jornada! Além do apoio da República, ABDI, Eldorado, Museu de Arte do Rio, Wylinka, IFood, Catálise, Instituto Unibanco, Lab Griô e Porto Digital.