ES
PT 
EN 
Entrar
A Escola Nacional de Administração Pública (Enap) foi sede da cerimônia de encerramento do LideraGOV 4.0 - edição extraordinária para pessoas negras, nesta quarta-feira (28). A agenda da escola foi repleta de atividades dedicadas aos formandos da iniciativa.
A aula magna do curso foi com a ministra Edilene Lôbo, primeira magistrada negra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no auditório da Enap. Para a ministra, o racismo estruturado se reflete no mundo corporativo também, e iniciativas como a do LideraGOV 4.0 são fundamentais para mudar esse cenário.
“Na alta administração pública federal encontramos muitas lideranças como as que aqui estão, lideranças negras. Porém, quando vamos para outras esferas da administração, estadual, municipal, essa fotografia não é a mesma. Quando vamos para outras esferas de poder, como legislativo, judiciário, ministério público, essa fotografia não é a mesma”, pontuou.
“Nós devemos levar a cara do Brasil, para cada um dos órgãos públicos. Nós continuamos tendo uma luta gigante para mudar a cara desses órgãos no Brasil, não só os públicos, mas no mundo corporativo, onde não vemos a diversidade ainda”, acrescentou a magistrada.
Iara Alves, diretora de Educação Executiva da Enap, destacou a importância do reconhecimento do lugar de fala quando se trata da questão racial. “Assim como as questões de gênero precisam ser lideradas por mulheres, questões de raça e desigualdades raciais precisam ser liberadas por pessoas negras. Tenho certeza de que todos e todas vocês estão diferentes depois desses oito meses de programa. Vocês representam todas essas pessoas e vocês estão fazendo parte da transformação desse país”, concluiu.
A programação dedicada à conclusão do curso, que teve como tema “o desenvolvimento de lideranças negras e o impacto na melhoria dos serviços para a sociedade”, reuniu discentes de diferentes estados do Brasil.
Os alunos participaram da oficina intitulada “Conexão de Lideranças: Celebrando a Jornada do LideraGOV”, além de confraternizarem em um café da manhã e almoço exclusivos para a turma. As atividades presenciais fortaleceram ainda mais o vínculo criado pelo grupo durante a trajetória de aprendizagem oferecida pelo curso.
“O principal ganho que tivemos foi a rede que construímos. Sou uma servidora nova e conhecer essa rede tem sido muito poderoso. São profissionais de diversas áreas e com um intuito comum”, relatou Fernanda Tiberio, aluna do curso e professora de Instituto Federal.
Para Laís Barros, que também faz parte da turma do LideraGOV 4.0, estar em órgãos públicos, muitas vezes gera um sentimento de isolamento, de solidão. “Muitas vezes somos a única pessoa negra na sala. E estar nesse programa com pessoas pretas que tem uma formação acadêmica relevante e pensam em políticas públicas de maneira consistente para mim foi fundamental para o meu desenvolvimento ao longo do programa”, refletiu.
Mulheres Negras no Serviço Público Federal
Um dos frutos do curso foi o projeto “Mulheres Negras no Serviço Público Federal”. A publicação reúne histórias inspiradoras de servidoras públicas negras participantes da turma do LideraGOV 4.0 que vivem em diferentes estados do país.
O trabalho foi lançado na última segunda-feira (26) pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR), em parceria com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Enap. A publicação tem como objetivo dar visibilidade e valorizar as experiências e conquistas dessas mulheres no serviço público.
O material pode ser acessado gratuitamente. Faça o download aqui.