“Para aprender a sobreviver e prosperar em uma pandemia global, temos que estar atentos a pandemias que já enfrentamos antes”. Com esse argumento, a ex-ministra da Economia da Nova Zelândia, Ruth Richardson, deu início ao FronTend “Saúde e prosperidade em tempos de Covid”, realizado no dia 22 de julho.
A ex-ministra defendeu que, em tempos como estes, o Estado repense e exerça seu papel a partir de três pilares: confiança, relevância e performance. Ruth esteve à frente da área financeira da Nova Zelândia quando o país superou uma profunda recessão econômica.
Em primeiro lugar, defendeu Richardson, “Há novas regras do jogo. É preciso reajustar o papel do Estado e as nossas responsabilidades enquanto cidadãos”. Na visão dela, instituições governamentais e autoridades de saúde têm sido postas à prova e têm falhado. As consequências disso têm a ver com confiança e é isso que está sendo destruído.
Ruth explicou que a confiança da população está relacionada a diversos aspectos do comportamento do setor público, em áreas como atividade econômica e políticas públicas (especialmente em saúde e educação). “Felizmente há novas vozes, especialmente jovens e no meio acadêmico, que à luz da realidade da Covid, têm pensado de forma diferente. Essa é uma mudança sísmica, radical”, ponderou a ex-ministra.
Outro componente crucial no enfrentamento da Covid é a relevância do desempenho do Estado. “O governo não tem que prover determinadas coisas, mas em uma pandemia que é um problema de saúde pública, é preciso criar e prover muito mais, porque tudo acaba pertencendo ao poder público”, esclareceu. A ex-ministra destacou que o caminho para agir com eficácia é criar regras de forma mais sábia.
Em relação à performance, cada governo precisa avaliar sua capacidade de atuar – algo que ela denominou como “liderança para operar”. “Não podemos conviver com incompetentes no comando dos governos. Precisamos de gestores profissionais, que consigam fazer as nações prosperarem”, enfatizou Ruth.
Inspirações
Durante o FronTend, Ruth Richardson indicou a leitura de três livros que podem ajudar os gestores a prosperar em meio à Covid. São eles: “Mais Humanos” (Steve Hilton); “Profeta da Inovação” (Thomas K McCraw); e “A Sabedoria das Multidões” (James Surowiecki).
Em “Mais Humanos”, o autor defende que os líderes se aproximem mais do público e das consequências das suas ações. Hilton argumenta que grande parte de experiência diária das pessoas – desde os alimentos ingeridos, até os governos que eleitos, a economia, a maneira como se cuida da saúde e bem-estar – se tornou muito grande e burocrática e muito distante da escala humana. Diante disso, ele propõe que sejam repensados e redesenhados os sistemas e estruturas desatualizados da política, governo, economia e sociedade para torná-los mais adequados à maneira como as vidas devem ser vividas na atualidade, para torná-las mais humanas.
“Profetas da Inovação” defende que a “destruição criativa” é a força que move o capitalismo. Para McCraw, a destruição de empresas, fortunas, produtos e carreiras é o preço do avanço em direção a uma vida material mais próspera. E os homens de negócios correm sérios riscos quando ignoram esta lição: para sobreviver, precisam ser empreendedores e pensar estrategicamente. Tendo como base todos os escritos de Schumpeter, inclusive diários e cartas íntimas nunca publicados, esta biografia traça um retrato completo de uma figura carismática que pretendia tornar-se o maior economista, o maior amante e o maior cavaleiro do mundo.
No livro “A Sabedoria das Multidões”, a premissa básica é que uma multidão eclética toma decisões mais inteligentes que um pequeno grupo de especialistas. Nas palavras de James Surowiecki, “mesmo que a maioria das pessoas em um grupo não seja especialmente bem informada ou racional, ele ainda pode chegar a uma decisão coletiva sábia”. Para ele, é um erro presumir que a chave para solucionar problemas ou tomar boas decisões é encontrar aquela pessoa certa que terá a mágica resposta. Ele conclui seu pensamento dizendo que caçar o especialista é um equívoco, e um equívoco caro.
FronTend
Enap Fronteiras e Tendências é uma série de encontros regulares para promover a discussão de temas atuais e relevantes para altos executivos do governo.
As inscrições para o evento de hoje, 29 de julho, estão encerradas. Mas você pode assistir pelo Youtube da Enap, que estará aberto à participação dos interessados. Veja quem estará conosco:
Data: 29 de julho de 2020 - 11h
Martin Gurri, pesquisador da @mercatuscenter na na George Mason University.
Tema: O que o público do Século XXI espera de Repúblicas do Século XX
Moderação: Diogo Costa, presidente da Enap.
Link do Youtube: https://bit.ly/311QnX2