Universidades e escolas são um dos sustentáculos dos sistemas de inovação tecnológica do mundo todo. Por isso, a Semana de Inovação 2022 reuniu hoje à tarde um grupo de especialistas para contar suas experiências bem sucedidas em sala de aula e para pensar o futuro da Educação do país, no painel “Práticas Pedagógicas Inovadoras: casos Ibero-América”. O debate virtual foi mediado por Allan Torres, coordenador de Cooperação Técnica da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).
A professora Débora Garofalo, de São Paulo, mostrou seu projeto que usa a tecnologia em escolas públicas da cidade com o auxílio de sucata. A educadora Gina Vieira, do Distrito Federal, apresentou seu método de usar a literatura como instrumento de empoderamento feminino das alunas. Já Francisco Freitas contou como a música do rap pode levar educação e cultura a adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.
“Reunimos nesse debate o que há de mais inspirador aqui hoje, no Brasil, para falar sobre feitos inovadores na educação”, disse Allan Torres, acrescentando que a inovação e a criatividade são fundamentais dentro da sala de aula.
Segundo Débora Garofalo, o governo de São Paulo transformou a tecnologia, a robótica, a inclusão digital em políticas públicas, o que acaba se refletindo nas escolas. “Lutamos para que a educação básica paulista ofereça aos alunos aceso a cultura digital e que eles possam inovar. Coletar material no lixo e utilizar sucata faz entender a problemática do lixo nas periferias, e sensibiliza que a sucata com criatividade pode ser utilizada em sala de aula”, explica ela, que chegou ao top 10 do Global Teacher Prize, nobel da educação.
A professora de português Gina Vieira, autora e executora do Projeto Mulheres Inspiradoras, em parceria com a OEI, ressaltou a importância da educação no Brasil assumir o combate ao racismo e à discriminação das mulheres. “A violência contra a mulher, principalmente as negras, também se reflete nesse modelo de escola colonial. Precisamos de inovação na educação, pois a educação sempre trabalhou a serviço da exclusão”, disse.
Em seu projeto, Gina trabalhou o protagonismo dos estudantes por meio da literatura. “Eu optei por metodologias que me ajudassem a colocá-los no centro do processo e que os estimulasse a uma participação mais ativa”, contou. Ao longo dos anos, o projeto conquistou diversos prêmios, como o 1º Prêmio Ibero-Americano e o Prêmio Nacional de Educação e Direitos Humanos, apoiado pelo Ministério da Educação.
Francisco Celso Leitão Freitas, professor de História e finalista do Global Teacher Prize 2020/Brasil, atualmente é diretor pedagógico da Associação Respeito e Atitude (AREA). Especialista em educação inclusiva e produtor Cultural, é o idealizador e colaborador de projetos pedagógicos e culturais voltados ao empoderamento de jovens em situação de vulnerabilidade social no Distrito Federal.
Em seu trabalho, Freitas percebeu que os alunos que cumprem medidas socioeducativas haviam perdido a capacidade de sonhar e imaginar o futuro. “Percebi que nas aulas, eles não se prendiam com as histórias dos livros, mas se enxergavam nas letras de rap. Pensei então em usar o rap para debater vários assuntos em sala de aula.” Segundo ele, uma linguagem artística é mais fácil para envolver os estudantes no aprendizado.