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Painel promovido na Semana de Inovação trouxe diálogo sobre políticas públicas voltadas para idosos, modelos internacionais de residências assistidas e uma proposta de moradia coletiva no Brasil

Rafael Correa


Com mais de 34 milhões de pessoas com 60 anos ou mais em sua população, o Brasil precisa fortalecer políticas públicas para atender às demandas de moradia da população idosa. O tema foi objeto da mesa intitulada “Moradias coletivas como equipamento de apoio no cuidado com a pessoa idosa”, que contou com as palestras da gerontóloga Sandra Regina Gomes, da jornalista Ana Castro e da psicóloga Samara Dairel. A atividade foi realizada no segundo dia da Semana de Inovação de 2024 e trouxe reflexões sobre os desafios associados ao envelhecimento e a importância do cuidado com a pessoa idosa.

Ao tratar da habitação como um direito fundamental para a população idosa, Sandra enfatizou a necessidade de políticas públicas que efetivem esses direitos. “Todos os marcos legais do Brasil, desde a Constituição de 1988, garantem o direito à moradia. Desde a publicação da Lei Orgânica da Assistência Social, em 1993, já está previsto que programas habitacionais devem atender essa necessidade”, destacou a gerontóloga. Ela acrescentou que a Política Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto do Idoso, de 2003, reforçam o compromisso com a inclusão da pessoa idosa em projetos habitacionais, estipulando que 3% das unidades sejam destinadas a esse público.

Sandra apresentou diversas iniciativas inovadoras de moradia para idosos no Brasil, como a República de Idosos, em Santos, o Sítio das Alamedas, a Vila dos Idosos e o Programa Vida Longa, todos em São Paulo, e o projeto Cidade Madura, na Paraíba. Essas experiências, segundo ela, visam criar espaços de convivência que fomentem redes de apoio e reduzam a solidão, um problema urgente entre idosos que demanda soluções que incentivem a convivência e a autonomia dessa população.

Ao final de sua participação, Sandra estimulou a reflexão sobre a importância de ambientes flexíveis e intergeracionais. “Construir um local só para pessoas idosas? Não. A sociedade é intergeracional. Precisamos combater o estigma do envelhecimento, o que chamamos de 'idadismo' e 'etarismo' na gerontologia. Precisamos mudar essa perspectiva”, declarou ela.

Em sua participação, Ana apresentou pesquisa realizada por ela sobre experiências de moradia compartilhada para pessoas idosas, destacando exemplos internacionais bem-sucedidos, como o Co-Housing na Dinamarca, o De HogeWeyk, nos Países Baixos, e o Harbourside Cohousing, no Canadá.

Na Dinamarca, ela explicou, o modelo de Co-Housing oferece opções de moradia adaptadas a diferentes níveis de necessidade, desde idosos que requerem pouco apoio até aqueles que precisam de assistência total, com unidades privativas e áreas comuns para convivência. Segundo Ana, “ninguém quer envelhecer e dividir banheiro ou quarto”, o que torna as unidades individuais uma característica essencial dessas moradias.

Ana também mencionou experiências na Austrália, onde comunidades combinam moradia compartilhada com práticas ecológicas e recebem incentivos governamentais, e no Japão, onde existem comunidades colaborativas focadas em atividades culturais e serviços de saúde adaptados.

A jornalista destacou ainda outros modelos que observou em sua pesquisa e abordou os próximos passos para adaptar essas iniciativas ao Brasil. Entre as ações sugeridas, estão a escolha de localizações estratégicas, a formação de parcerias locais e a adaptação cultural dos projetos. “Os modelos de outros países não são replicáveis no Brasil, mas precisamos descobrir como é a velhice brasileira, que é extremamente diversa, com mulheres negras, pessoas trans e outros grupos”, disse a jornalista.

Samara apresentou a proposta do programa Casa Ponte, um modelo de moradia coletiva voltado para a transformação social. Segundo a apresentação de Samara, a iniciativa funciona como um laboratório de cuidados, convivência, saúde integral e inovação.

A íntegra do painel pode ser visto neste link.

Sobre a Semana de Inovação

A Semana de Inovação 2024 é realizada pela Enap, em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério das Mulheres e o Tribunal de Contas da União (TCU), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e tem patrocínio de Petrobras, Itaipu Binacional, Instituto Unibanco, Microsoft, IBM/TD Synnex, Fundação Lemann, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), CGI.br, Serpro, Dataprev, Caixa e Governo Federal.

SERVIÇO:

O quê: Semana de Inovação 2024 (entrada gratuita)

Onde: Escola Nacional de Administração Pública - Enap (SPO Área Especial 2-A, Asa Sul, Brasília-DF)

Data: 29, 30 e 31 de outubro

Formato: Presencial e On-line (Apenas as atrações de palco principal serão transmitidas. As demais atividades presenciais só para os participantes in loco. A programação on-line é exclusiva para inscritos on-line)

Mais informações e inscrições:  http://semanadeinovacao.enap.gov.br

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