Pensar em um futuro que não tenha a ver com carros voadores ou desenvolvimento tecnológico, mas sim, senso de comunidade, qualidade de vida ou alimentação orgânica para todos. É a proposta de Ana Paula Medeiros, designer e educadora, que palestrou hoje de manhã no AnfiConecta. “Afrofuturismo é sobre nos colocar no futuro, planejado com a capacidade criativa que temos agora e os aprendizados construídos por nossos ancestrais”, esclareceu.
Para a co-fundadora do Makeda Lab, aprendemos a pensar passado-presente-futuro em formato de linha do tempo, mas na verdade, deveríamos entendê-lo como algo circular. “Toda vez que alguém me traz um problema, eu investigo o que já foi feito antes, o que deu certo e o que não deu.” Ela explica que não se trata de viver como nossos antepassados, mas de olhar para o presente e, intencionalmente, se colocar no futuro. “Olhe ao redor, conte quantas pessoas negras existem e se pergunte: o que elas estão fazendo pode ser futuramente substituído por máquinas? Se isso está acontecendo agora, é porque alguém planejou e tomou decisões que nos trouxeram até aqui”, afirma.
Durante o encontro, Ana também falou de sankofa, pluriversalidade, arte, política pública e utopia. “Não estou falando de sonhos inalcançáveis, mas de um Brasil que tem jovens dizendo que sonham em ir à Lua e jovens dizendo que sonham com estabilidade financeira ou ter a comida favorita na geladeira”, destacou. Não à toa, citou Lelia Gonzalez e Ailton Krenak para falar de um país que deveria sonhar com um futuro amefricano. Ou seja, que leve em consideração o conhecimento, a memória e a história tanto dos indígenas sul-americanos que aqui estavam quanto dos africanos que depois chegaram.
SOBRE A PALESTRANTE
Ana Paula Medeiros é uma pessoa preta formada em História e Design, mestre em Tecnologia e Sociedade e doutoranda em Design pela UEMG. Educadora e co-fundadora do Makeda Lab de Futuros, Ela tem experiência em inovação aberta, educação, indústria, além de políticas públicas voltadas para afrofuturismo e futurismos indígenas.
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