Servidoras públicas federais que participaram do Bootcamp em Análise de Dados, turma exclusiva para mulheres que aconteceu na última quarta-feira (01), na sala Nexus, da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), apresentaram projetos como parte dos requisitos para a conclusão do curso e celebraram a conquista da certificação avançada em analista de dados.
Ao todo, foram 9 propostas exibidas por 44 mulheres de 14 estados do Brasil. As inscritas, que já trabalham com planilhas eletrônicas ou bases de dados em órgãos públicos, desenvolveram programas relacionados a desafios que encontram nos contextos de trabalho, utilizando as ferramentas aprendidas, para analisar dados em diferentes recortes da realidade brasileira e do serviço público.
Apesar da capacitação ser acessível para todos os públicos, o campo tecnológico e de desenvolvimento digital ainda é restrito e pouco diversificado. Segundo a diretora de Educação Executiva (DEX), Iara Alves, quando a Enap abriu as inscrições para o mesmo curso há dois anos, não havia tantas mulheres inscritas. “Este, ainda é um campo que os homens dominam e vocês, mulheres, são as pioneiras que vão mudar essa realidade. Não se trata de uma disputa, mas sim, de ocuparmos também esse lugar”, disse durante cerimônia de encerramento.
O curso buscou encorajar as servidoras públicas a se habilitarem como futuras líderes no campo da tecnologia, impulsionando a transformação digital no contexto da Administração Pública.
Confira os projetos apresentados pelas participantes que finalizaram essa jornada:
- Presença das políticas públicas sociais nos municípios brasileiros
Para o tema Políticas Públicas Sociais (PPS) nos municípios brasileiros e como parte do critério de avaliação do curso, as alunas Cristiane de Assis, Mariana Sousa, Juliana Lopez, Camila Passos e Aline Moura afunilaram o assunto em políticas de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), para que fossem universais e cujos dados estivessem disponibilizados no Portal de Dados Abertos. Desta forma, foram selecionadas três políticas e um indicador: Programa Bolsa Família (PBF), Benefício de Prestação Continuada (BPC), Registro de Atendimentos dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e o Índice de Gestão Descentralizada Municipal (IGD-M), que mede a qualidade da gestão do Cadastro Único e do PBF.
- Monitor de endividamento dos brasileiros a partir dos dados do Sistema de Informações de Crédito do Banco Central do Brasil
Nesse projeto, as participantes Iluska de Queiroz, Bruna Moura, Grace Monteiro, Patricia Góes e Erika Lopes exploraram os dados do Sistema de Informações de Crédito (SCR) do Banco Central do Brasil (BCB) referentes ao endividamento de pessoas físicas e jurídicas. Ao longo do processo de pesquisa, acrescentaram variáveis macroeconômicas obtidas por meio de bases públicas, como do IBGE e da Câmara dos Deputados. Clique aqui https://monitordoendividamento.streamlit.app/ e conheça o Monitor, que foi automatizado para que as informações sejam atualizadas sempre que o BCB disponibilize novos dados.
- Análise da evasão estudantil em universidades públicas a partir de indicadores sociais
As políticas públicas de inclusão oportunizaram a entrada de estudantes das diversas camadas sociais nas Universidades Públicas, porém, agora as instituições enfrentam o desafio de garantir a permanência desses alunos. A partir desse contexto, as participantes Glaucia Santos, Maria Antunes, Mônica da Silva, Aline Fonseca, Sonia de Freitas e Ana Sophia Vilas Boas analisaram o perfil dos estudantes que evadiram da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), nos últimos dez anos - dados disponíveis no portal da transparência.
- Competição no mercado regulado de telefonia móvel
As alunas Lilian Nakayama, Graciele Rodrigues, Beatriz Pierri, Fernanda Souza, Jane Adriana e Risla Miranda analisaram, durante o período de 2009 a 2023, a concentração de mercado de telefonia móvel por unidade federativa e por discagem direta à distância (DDD), a partir da parcela de mercado por grupo econômico e do indicador de Índice Herfindahl-Hirschman (IHH), além da evolução de tecnologia de geração no país.
- Ensaio sobre dados de contratos do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP)
Por meio das compras públicas, são viabilizadas boa parte das políticas públicas do país. Neste projeto, foram analisados, pelas alunas Darliara Dias, Gabriela Zurutuza, Joyce Belga e Mônica Botelho, no período de setembro de 2021 a outubro de 2023, os contratos de compras realizados e divulgados no Portal Nacional de Compras Públicas.
- Automatização de Relatório de dados de documentos do SEI
Com o uso do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), implantado em 2017,houve a redução do quantitativo de servidores públicos, a atividade e tarefas executadas pelos funcionários e a necessidade de adaptação à nova realidade por meio do aperfeiçoamento dos processos de trabalho. Por isso, Paula Gomes, Daiana Sales, Michela Feitosa, Rosana Gonçalves Pinho, Priscilla Martins e Harlane Magalhães identificaram a necessidade de automação de geração de dados por meio de buscas no sistema SEI.
- Balanço Patrimonial do Estado do Espírito Santo construído a partir da Matriz de Saldos Contábeis, obtida por meio da API do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro
Este projeto teve como finalidade o desenvolvimento de um código em Python para acesso aos dados abertos disponíveis na internet. As alunas Ana Paula Giancoli, Eugenia Giancoli, Mariana da Costa e Gislaine de Lima utilizaram algumas bibliotecas específicas para análise de dados, principalmente a Streamlight. A partir disso, foi gerada uma página web, que possibilita a visualização dos dados em série histórica que contempla os anos de 2019 a 2022.
- Análise dos dados das Instituições de Ensino Superior do Brasil
Neste projeto, as alunas Gislaine dos Santos, Giana Kroth, Alana Vieira, Renata Machado e Lílian Dutra criaram uma ferramenta dashboard e a dividiram em cinco seções principais. Cada seção apresenta mapas, tabelas, gráficos e um resumo de constatações encontradas nas análises realizadas sobre instituições, cursos, docentes, discentes e técnicos administrativos.
- Mapeamento das patentes depositadas pelas Instituições Federais de Ensino
A patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade. É um título outorgado pelo Estado, para que o inventor possa proteger a sua criação. Mas, para isso, o inventor tem que depositar essa patente junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Em seguida, a patente é publicada na revista de propriedade industrial e, consequentemente, chega até o público. A partir disso, Alessandra Menezes, Ranielle Araujo e Adriana Leite, observaram que não há informações públicas disponíveis sobre a participação das instituições federais nesse depósito de patentes. Portanto, o projeto consiste no levantamento e na análise de patentes publicadas nas revistas nos últimos três anos.