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Daniel Becker abordou o cuidado na família e na sociedade sob o recorte de gênero e questões transversais ao tema na atualidade

Thalita Sousa

O palco “Brasil que cuida” recebeu o palestrante Daniel Becker, médico sanitarista e professor do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para falar sobre o trabalho invisibilizado das mulheres em seus lares, especialmente, no cuidado dedicado aos filhos.

A palestra “Cuidado, trabalho feminino: consequências e possíveis caminhos para a mudança” mostrou que o cuidado, no Brasil e no mundo, é feminino. As mulheres aparecem como protagonistas no trabalho de cuidado não remunerado: administração da casa, trabalho doméstico, cuidado de filhos, cuidado de idosos ou pessoas adoentadas.

Essa distribuição desigual da tarefa de cuidado, segundo Becker, sobrecarrega as mulheres e meninas, especialmente as negras e com menor renda. Logo, essas mulheres têm menos tempo e condições para se dedicar ao trabalho e em outras áreas de sua vida. 

“Existem as mulheres que são responsáveis pelo sustento da casa e ainda tem que lidar com toda a responsabilidade mental de compras, do que está faltando, da vacina, de marcar consulta. É um massacre que realmente não há como uma mulher lidar com tanta demanda, nem fisicamente, nem mentalmente”, ponderou. 

O pediatra, que também é ativista pela infância, destacou ainda a importância da presença familiar durante a primeira infância. Atividades que, de acordo com o médico, devem ser realizadas tanto pelo pai quanto pela mãe, de modo que não sobrecarregue a mulher, afinal, o vínculo primário com os pais é muito importante para o desenvolvimento da criança.

“Hoje vemos no Instagram muitos perfis de homens que falam sobre paternidade presente. Este tipo de conteúdo acaba incentivando outros pais que não cumprem esse papel dentro de casa”, comentou. 

O palestrante abordou diversos temas transversais ao cuidado com as crianças, dentre eles a precarização do cuidado infantil em virtude da parentalidade distraída, exemplificada pela má influência, por exemplo, que o uso em excesso de celular por parte dos pais pode trazer para dentro de um lar com crianças. 

Para o médico, políticas públicas podem contribuir para a ampliação do cuidado e o assunto deve ser debatido em diferentes esferas da sociedade, principalmente sobre as perspectivas do papel da escola, dos programas de Primeira Infância e da Saúde da Família. 

Sobre a Semana de Inovação  
A Semana de Inovação 2024 é realizada pela Enap, em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério das Mulheres e o Tribunal de Contas da União (TCU), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e tem patrocínio de Petrobras, Itaipu Binacional, Instituto Unibanco, Microsoft, IBM/TD Synnex, Fundação Lemann, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), CGi.br, Serpro, Dataprev, Caixa e Governo Federal.