“Desafios para combater a pandemia do Covid-19” foi lançado pela Escola de Administração Pública – Enap, em abril, com a participação de valiosos parceiros. Foram recebidas 598 propostas de projetos, com diferentes estágios de maturidade, nas áreas de Saúde, Economia, social e Tecnologia.
Após análise da banca examinadora, foram classificados 14 projetos melhor pontuados, oito na categoria Pessoa Física e seis na categoria Pessoa Jurídica.
As propostas de soluções inovadoras foram pontuadas pelos critérios de Facilidade de implementação, Impacto, Eficiência e Viabilidade jurídica e econômica. Cada critério teve um limite de até 25 pontos.
Vencedores Pessoa Física
Esta categoria esteve aberta para cidadãos brasileiros e estrangeiros em situação regular no país, a partir de 18 anos de idade, individualmente ou em grupo. O edital do Desafios previa até oito premiações para as propostas com melhor pontuação. Todos os projetos vencedores obtiveram mais de 90 pontos, em uma escala com variação de zero a 100. Confira os resultados.
A proposta vencedora foi “Aumento da disponibilidade do Ventilador Mecânico com uso de Válvula Controladora”, projeto que permite atender a dois pacientes simultâneos com ventilador mecânico, utilizando uma válvula controladora de fluxo bidirecional.
“Mandando a real sobre a Covid-19”, segundo lugar, propõe a criação de uma central de conteúdos artísticos, educativos, informativos e de engajamento direcionados ao combate à Covid-19 nas periferias.
O projeto classificado em terceiro lugar é o “Aplicativo de Cooperação em Saúde”, que propõe estabelecer uma rede de parcerias entre União, estados e municípios. O aplicativo faz a gestão dos recursos de saúde disponíveis, como leitos, suprimentos e profissionais, congregando as informações de projeções das curvas de contágio para antever a necessidade de insumos, inclusive para transporte de pacientes e formação de rede de parcerias.
Um engenheiro de software e um médico infectologista formam a dupla que obteve o quarto lugar no Desafios da Enap. Eles inscreveram o “APP para acompanhar pacientes com Covid-19”. O paciente instala o aplicativo e identifica o momento certo para buscar assistência presencial em unidade de saúde. auxilia o grupo de risco (hipertensos, diabéticos, obesos, cardiopatas, idosos, imunossuprimidos e pacientes com câncer) que precisa de cuidados precoces, monitorando parâmetros e indicando necessidade de auxílio médico.
O projeto apresentado por uma enfermeira do Tocantins se chama “Aproximando a comunidade à sua Equipe de Saúde da Família através da tecnologia que já temos e que a maioria dos brasileiros possuem: whatsapp”. O nome é longo, mas é muito simples o projeto que obteve a quinta colocação. Ele propõe usar os agentes comunitários de saúde como mediadores de informações. O agente cria um grupo de whatsapp com as pessoas da sua área, adicionando um morador por residência. Diariamente o agente de saúde fará perguntas básicas no grupo: alguém teve febre? Dificuldade para respirar? Tosse? Poderá também compartilhar informações em tempo real. Aquela pessoa que tiver algum desses sintomas será encaminhada via virtual ao profissional habilitado, e este seguirá o protocolo do Ministério da Saúde.
Carlos Pereira é doutor em História e Mestre em Tecnologia Educacional para a Saúde. Seu projeto “Coronavírus, o Jogo” foi desenvolvido para jovens de 12 a 16 anos. É um material educativo gamificado, que tem o objetivo de conscientizar os jovens para a prevenção do Covid-19. Inclui site, aplicativo nas lojas e campanha de marketing.
"Tecer Esperança" é o projeto classificado em sétimo lugar de sua categoria. Tem o objetivo de enfrentar a escassez de equipamentos de proteção como máscaras e aventais para profissionais de saúde. Em paralelo, propõe a geração de renda para populações vulneráveis que trabalharão na confecção. Economia solidária e previsão e renda mensal básica de 700 reais por costureira que trabalhará para o projeto.
O projeto “HigienizAção” veio de cinco graduandos em Administração Pública da Universidade Federal Fluminense e em Educação Física pelo Centro Universitário de Volta Redonda. A proposta é instalar pias de assepsia com acionamento por pedal nas comunidades. Na descrição, os autores argumentam que grande parte dos moradores de aglomerados subnormais espalhados no Brasil não tem acesso à água. Esse drama se tornou mais evidente com o avanço do coronavírus. Portanto, faz-se necessária uma ação do Poder Público visando implantar alguma maneira segura de se realizar a higienização dos moradores desses aglomerados e mitigar o avanço da doença no país.
Os vencedores na categoria Pessoa Jurídica
Esta categoria foi aberta à participação de empresas, negócios de impacto, entidades privadas sem fins lucrativos, instituições de pesquisa científica e tecnológica (ICTs) públicas e privadas.
Todos os premiados obtiveram mais de 95 pontos na avaliação realizada pelas bancas examinadoras.
"UTI Control - Covid-19" é uma plataforma desenvolvida e apresentada ao Desafios pela empresa 3 Wings, que permite a gestão e #monitoramento de diversas UTIs simultaneamente e em tempo real. É possível identificar vagas disponíveis, maximizar os tempos de liberação de leitos, necessidades pontuais de isolamento e ventilação mecânica (uso de respirador), permitindo o suporte mais intensivo e eficiente do ponto de vista hemodinâmico e respiratório. Tem ferramenta que permite organizar a fila, usando #modelospreditivos, dos pacientes candidatos a leitos de UTI com base em dados assistenciais objetivos. Tem como público os órgãos gestores de saúde. A solução está pronta e vem sendo utilizada por 20 hospitais em Pernambuco.
A proposta classificada em segundo lugar é o “Monitora Covid-19”, apresentada ao Desafios pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Técnica da Fiocruz.
Sistema de código aberto, interativo e escalável, que permite visualização e download de dados brutos e taxas por município, estados, países, bem como opções de modelos matemáticos, análises temporais e espaciais, cenários, medidas de combate, população de risco, relatório municipal. Permite o acompanhamento da pandemia e sua tendência ao longo do tempo, bem como a comparação dos dados brasileiros com os de outros países que estão em estágios mais avançados da epidemia. Viabiliza novas intervenções sociais e administrativas.
Aua significa “gente”, em tupi-guarani. É o nome do projeto classificado em terceiro lugar. A ideia é conectar pequenos empreendedores que precisam de apoio para sustentar seus negócios a consumidores que desejam obter mais benefícios em suas compras do dia a dia. O aplicativo oferece cupons de desconto em produtos de pequenos negócios e também dá visibilidade aos empreendedores, apostando na humanização.
O “Simulador de Dispersão do Coronavírus” simula o contágio do vírus com diferentes parâmetros, como o número de pessoas no ambiente, o número inicial de infectados, o percentual de confinamento social e a aquisição de imunidade de rebanho no tempo. O simulador mostra como o vírus se perpetua no ambiente, prediz curvas de contágio, as chamadas ondas. A simulação serve para fins de pesquisa e orientação preditiva aos interessados (do setor público, privado ou de organismos não-governamentais); sua simplicidade e acesso grátis servem a fins educacionais, tanto que já há mais de 28 mil acessos ao simulador. A plataforma está disponível on-line em https://simulacovid.github.io/covid19/home
A proposta, enviada pelo Laboratório de Informática e Sociedade da Universidade Federal do RJ, é de investir na Rede de Bancos Comunitários de Desenvolvimento já existentes (com ênfase no Banco do Preventório) para que desenvolva soluções de microcrédito (para produção) e nanocrédito (para consumo). Em paralelo, propõe ações comunitárias como distribuição de cestas básicas. O projeto se chama "Micro/nanocrédito comunitário + ações comunitárias".
Destinado a cidadãos, sociedade organizada e autoridades, o projeto “CovidBR: Uso de Business Intelligence e Geoprocessamento no Combate à COVID-19 no Brasil” é de autoria do Laboratório de Sistemas de Informação da Universidade Federal de Campina Grande. O projeto propõe um sistema de visualização do progresso da pandemia, utilizando técnicas de Business Intelligence com Analytics e de geoprocessamento. O sistema integra dados relevantes para o combate à pandemia em um data warehouse espacial, que atua como um banco de dados centralizado. A partir desse banco de dados, podem ser realizadas diversas análises: espacial, temporal, espaço-temporal, mostrando informações relevantes: casos confirmados, mortes, leitos disponíveis por estado, região ou município, demonstrando a evolução da Covid-19 no país. Através do uso do sistema, os cidadãos terão uma visão mais realista e simplificada do progresso da pandemia.
Premiações e incentivos podem chegar a R$ 1,75 milhão
Somando a premiação e apoio financeiros oferecidos pela Enap e parceiros, os incentivos podem totalizar até R$ 1,75 milhão. A próxima etapa é avaliar os projetos que, além da premiação abarcada pela Enap, têm os requisitos para receber apoios de implementação do BNDES, do Fundo Socioambiental da Caixa e do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID.
Os Desafios Covid-19 são uma iniciativa da Enap, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Tribunal de Contas da União (TCU), BB Seguros, BB Consórcios, Cielo, Cateno, Livelo, Banco do Brasil e Caixa.
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