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Professor da Universidade de Harvard propõe novo modelo educacional, com participação efetiva da sociedade

“Precisamos reinventar a educação com urgência para enfrentar os desafios comuns do planeta, como desigualdade social, crises, aquecimento global. E reimaginar significa trabalhar em conjunto para criar futuros compartilhados e interdependentes”. A afirmação é de Fernando Reimers, professor da universidade Harvard e um dos autores do recém-lançado relatório “Reimaginando nossos futuros juntos: Um novo contrato social para a educação”, da Unesco. O pesquisador participou de bate-papo nesta quinta-feira (11) sobre os horizontes de uma educação transformada pela pandemia, na Semana de Inovação 2021.

Reimers ressaltou que as rápidas mudanças tecnológicas e a Covid-19 estão transformando muitos aspectos do cotidiano. Contudo, as inovações não estão sendo direcionadas de forma adequada para equidade, inclusão e participação democrática. “A sociedade vive o momento da história com maior acesso e conhecimento a ferramentas colaborativas. O potencial para envolver a humanidade na criação de um futuro melhor em conjunto nunca foi tão grande”, aponta o relatório da Unesco.

A grande questão, de acordo com Fernando Reimers, é despertar nos indivíduos a consciência de que "nossos direitos humanos estão em risco se os direitos humanos de outras pessoas estão em risco”, explicou o pesquisador. Para isso, ele sugere que todos se perguntem: como posso ser útil nesse momento de necessidade?. Ele não se refere a grandes mudanças ou a ações de impacto nacional ou global, mas a iniciativas de pessoas comuns que podem fazer diferença dentro da esfera de atuação e influência de cada um.

“Temos que abandonar o conceito de ‘qual vai ser o modelo [educacional] vencedor’. Isso não vai acontecer e não deve ser uma meta. Para inovar vamos ter que ter uma dose de coragem”, complementou Felipe Anghinoni, cocriador da escola de metodologias criativas Perestroika.

Fernando Reimers citou duas iniciativas simples que foram desenvolvidas durante a pandemia: Emile e Subject to Climate. Emile é um site de aprendizado digital premium para escolas de ensino médio norte-americanas, onde qualquer pessoa pode recorrer a conteúdo e suporte de alta qualidade para ganhar créditos de ensino médio e universitário em casa. Ela foi pensada especialmente para levar conteúdo de ponta para escolas localizadas em regiões menos favorecidas, como as áreas rurais.

Subject to Climate é uma plataforma online para professores do ensino fundamental e médio de todas as disciplinas que reúne materiais confiáveis e diversificados sobre mudanças climáticas, com acesso gratuito. O objetivo é aprimorar o conhecimento sobre o clima e inspirar ações, tornando o ensino e a aprendizagem sobre as mudanças climáticas acessíveis.

“De muitas maneiras a pandemia suspendeu as regras vigentes do ‘fazer educação’, o que tornou possível algumas mudanças. Houve um espírito real de solidariedade. A sensação de que estávamos juntos em um navio afundando ajudou a sociedade a entender que a atuação conjunta era o mais importante a ser feito”, concluiu o professor de Harvard.

Competências emocionais

Outro assunto debatido na roda de conversa foi a pluralidade de competências profissionais que são exigidas atualmente, como criatividade, capacidade de inovar, trabalhar em equipe, mentalidade digital e resiliência. Na contramão das habilidades exigidas está a educação tradicional, que pouco atua no aprimoramento dessas competências. Na opinião de Felipe Anghinoni, o desenvolvimento de habilidades emocionais é um caminho sem volta: “estamos atingindo a saturação de um modelo que separava habilidades técnicas das habilidades sociais e emocionais”, defendeu o cocriador da Perestroika.

Natália Mota, servidora da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), ressaltou que o modelo tradicional de educação é muito pautado em metodologias de avaliação (testes e provas) e se reflete no peso de determinadas capacitações profissionais no currículo, mas essa é uma tendência que está mudando muito nos últimos anos. “Hoje temos o desafio de avaliar, ponderar e reconhecer habilidades intangíveis. Só com o desenvolvimento de competências que envolvem aspectos socioemocionais, conseguiremos alocar os profissionais nas tarefas e locais adequados”, explicou.

O bate-papo contou com a moderação de Renata Carvalho, também servidora em exercício na Enap. Para acompanhar esse e outros assuntos que estão sendo abordados/discutidos na maior semana de inovação em governo da América Latina, acesse https://semanadeinovacao.enap.gov.br/.

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