Com um volume de dados cada vez maior e a possibilidade de cruzamentos de informações, utilizar a ciência de dados é fundamental para a tomada de decisões assertivas baseada em evidências. Para auxiliar os servidores públicos a adotarem essa abordagem e ampliar o acesso a essa área do conhecimento, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) lançou o livro Ciência de dados em políticas públicas: uma experiência em formação que pode ser acessado gratuitamente.
A publicação reúne os trabalhos desenvolvidos pelos alunos nos laboratórios da segunda Especialização em Ciência de Dados da Escola que formou 35 servidores públicos em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) em 2022.
Durante o lançamento, o presidente substituto da Enap, Paulo Marques, agradeceu o empenho da equipe na construção desta especialização e do livro inédito sobre o tema. “Começamos o ano com projetos importantes. Foi só o primeiro mês do ano e terminamos janeiro com mais de 300 alunos iniciando o MBA de Gestão Pública e com um livro inédito sobre ciência de dados. Tenho certeza que esta iniciativa vai levar conhecimento e incentivar o setor público a tomar, cada vez mais, as decisões com base em informações robustas”, disse.
O livro apresenta métodos utilizados, a análise de dados e as recomendações. sobre temas como: compras governamentais, ensino superior, Sistema Único de Saúde (SUS), auditoria, categorização de compras governamentais, bancos públicos, desmatamento ilegal da Amazônia, meio ambiente e produção de biocombustível e segurança alimentar e nutricional.
Um dos docentes do curso, o professor Jackson De Toni, destacou a qualidade dos estudos. “Ainda temos pouco material sobre uso de ciência de dados específico para o setor público. Sabíamos que seria um desafio organizar um livro que mostra a aplicação dos conceitos em temas relevantes para o dia a dia dos servidores. E acho que estamos conseguindo alcançar este resultado: refinar as técnicas, formas de interpretação e ampliar o uso no processo decisório.”, explicou.
De Toni ressaltou também a importância dos laboratórios temáticos (políticas de saúde, social e de infraestrutura) - local onde os participantes analisaram casos reais. “É muito importante que o aluno tenha na cabeça as conexões com as políticas públicas. Os dados, se não forem lidos corretamente, não colaboram com a análise e execução das políticas públicas”, ressaltou.
Com um texto no livro sobre Inteligência Artificial (IA) e o uso desta tecnologia no setor público, o ex-aluno da Especialização, Gustavo de Queiroz Chaves, acredita que a ciência de dados ainda tem espaço para se desenvolver e auxiliar os servidores. "A ciência traz riqueza de informação a partir da disponibilidade de dados que nos ajuda. O mundo privado monetizou bem o uso de dados para tomada de decisões, mas a administração pública ainda engatinha. É preciso utilizar essas ferramentas para tomar mais decisões baseadas em dados e, cada vez menos, em opiniões”, explicou.
O secretário federal de Controle Interno, da Controladoria-Geral da CGU, Ronald da Silva Balbe, lembrou da importância da parceria com a Enap que propõe novos olhares e ferramentas para análise de políticas públicas. “Precisamos de novas perspectivas e formas de atuação. A convergência de experiências, conhecimentos e desejos traz novas ideias. E essa troca tem um valor incalculável”, disse.