Foto: Sarah Paes/Ascom Enap
Nesta segunda-feira (6), a Enap iniciou as comemorações do mês das mulheres. Na palestra de abertura com o tema “Mulheres no serviço público” a presidenta da Escola, Betânia Lemos, recebeu as ministras Esther Dweck, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos; Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres; Anielle Franco, do Ministério da Igualdade Racial; Sônia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas; Brigitte Collet, embaixadora da França e Anastasia Divinskaya, representante interina da ONU Mulheres Brasil.
Elas relembraram o papel das mulheres na sociedade e no serviço público. E ressaltaram a importância de discutir a realidade das instituições que lideram e representam.
Foto: Sarah Paes/Ascom Enap
Betânia explicou o objetivo dos eventos que ocorrem na Escola ao longo do mês e falou sobre a necessidade da representatividade feminina ocupar todos os espaços sociais, não apenas no serviço público, mas também nas empresas privadas e em cargos de liderança.
“Este é um evento grande que a Enap organizou para que a gente discuta as questões de gênero no serviço público brasileiro. Avançamos nas últimas décadas, mas ainda há muito a conquistar. No serviço público, especificamente, somos muitas, mas ainda não conseguimos a paridade de gênero com os homens”, afirmou a presidenta da Enap.
Betânia destacou a quantidade de mulheres que ocupam cargos públicos. “A questão de gênero é uma questão de governo, tem que ser uma política de Estado e o governo atual valoriza e cria essa política. Pela primeira vez, a gente alcançou 30% dos ministérios ocupados por mulheres. Parece pouco, mas é um avanço enorme se olharmos nossa história recente”, afirmou Betânia.
Representatividade
A ministra de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, ressaltou o fato de o evento reunir quatro das 11 ministras do atual governo na Enap, que tem a missão de desenvolver competências através de seus programas de capacitação.
“A representação de mulheres na administração pública federal vem crescendo. Hoje em dia somos 45% dos servidores, mas não é a mesma coisa quando a gente vai subindo nos cargos de gestão. Em 2020, que é o último dado que temos disponível, eram apenas 20% de mulheres nos cargos no nível seis. Apenas 1,3% são mulheres negras, um dado bastante vergonhoso se a gente for pensar na representatividade da sociedade brasileira”, argumentou Esther.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco,falou sobre o acesso de mulheres negras ao serviço público e citou, como exemplo, a criação de um banco de dados para acolher currículos na pasta que ela representa. “Não vamos fazer isso só no início, a gente quer fazer com que isso seja uma coisa recorrente tanto para pessoas negras e também para mulheres lgbtqia +", disse Anielle.
Foto: Sarah Paes/Ascom Enap
A chefe do Ministério das Mulheres, Cida Gonçalves, ressaltou a importância da implementação da lei que garante a igualdade salarial entre homens e mulheres e relembrou que a igualdade não se refere apenas a ter uma lei e de ter remunerações iguais. “Ela passa pela divisão do trabalho, pela questão dos cuidados, da responsabilidade que é diferente para as mulheres e dos homens. Nós temos a responsabilidade de lembrar isso o tempo todo, pois sabemos o peso que isso nos custa, inclusive no serviço público, o quanto isso nos adoece e de não podermos ocupar os espaços de poder”, esclareceu.
A ministra dos Povos Indígenas,Sônia Guajajara, lembrou que ela é a primeira ministra indigena 41 anos depois de uma mulher assumir um cargo de liderança no governo. “Seria ideal que o número de mulheres ministras fosse crescendo nos próximos governos até alcançarmos, no mínimo, a paridade. Para isso, precisamos trabalhar para promover mudanças estruturais na sociedade brasileira”, disse.
Experiência internacional
A embaixadora da França, Brigitte Collet, compartilhou a experiência francesa da atuação das mulheres e citou estatísticas de violência em seu país de origem. De acordo com ela, 62% dos ocupantes de cargos públicos franceses são ocupados por mulheres. “A igualdade entre mulheres e homens é uma prioridade do mandato do presidente francês e todos os órgãos públicos estão mobilizados para alcançá-la”, afirmou.
Foto: Sarah Paes/Ascom Enap
Brigitte deu dois exemplos de atuação primordial do serviço público francês: as violências de gênero e a saúde. “Anualmente cerca de 220 mil mulheres na França declaram sofrer violências e temos, em média, um feminicídio cometido a cada três dias. Erradicar a violência contra as mulheres faz parte das prioridades do governo francês”, explicou antes de citar várias medidas tomadas por seu governo para mudar as estatísticas e alcançar um melhor atendimento para as mulheres.
No encerramento do evento, a representante interina da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya, falou sobre os direitos humanos femininos e os perigos da revolução digital perpetuar violências de desigualdades de gênero. “No Brasil temos estatísticas que mostram que alguns grupos de mulheres estão mais expostas a riscos de exclusão e violência, incluindo mulheres indígenas, negras, jovens lésbicas, bissexuais, transsexuais e ativistas”, explicou ao afirmar que é necessário combater a violência online e usar a tecnologia e inovação como aliadas nessa causa.