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Em conversa com altos executivos, Claudia Avellaneda apresentou estratégias para tomada de decisão e exercício da liderança

Como aumentar a eficácia do trabalho e obter melhores resultados da equipe? A especialista em gestão e governança pública, Cláudia Avellaneda, professora da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, respondeu a essa pergunta na terceira edição de 2021 do Fronteiras e Tendências (FronTend), realizado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), no último dia 24 de março. Ela apresentou estratégias para tomada de decisão e exercício da liderança de forma mais efetiva.  

Para Claudia, identificar as causas das falhas no órgão ou instituição — sejam elas políticas ou burocráticas — é o primeiro passo para solucionar os problemas. O segundo passo é buscar boas experiências e padrões, em outras instituições e órgãos, que possam ser reproduzidos. “O que nós tentamos encontrar são generalizações que podem ser ensinadas e que eles possam encontrar padrões em suas organizações”, explica a professora. E completa: “estimulo inovar copiando de outros, mas faça a análise de como isso cabe em sua organização”.

Ao compartilhar suas ideias sobre liderança, tomadas de decisão e o papel dos líderes públicos, a professora mostrou estratégias desenvolvidas ao longo de sua carreira, que podem ajudar no desenvolvimento de políticas públicas e no trabalho de líderes. O debate contou com a participação da diretora vice-presidente do CLP- Liderança Pública, Luana Tavares, que atualmente faz mestrado em políticas públicas na Inglaterra.

Para demonstrar a importância de confrontar a atuação de outras organizações, a professora da Universidade de Indiana apresentou resultados de pesquisas feitas com cinco países: Brasil, Chile, México, Colômbia e Equador. Apesar das diferenças entre as nações, foi possível identificar semelhanças e diferenças. “Compare sua organização com outra similar e com outra que é bem diferente da sua, mas que tenha resultado de performance similar, para ver se o que funciona na sua organização é o mesmo que na outra”, orienta.

Segundo ela, para inovar, muitas vezes é preciso copiar. “Às vezes, é preciso imitar para fazer coisas melhores. Podemos aprender com os êxitos e erros dos outros, mas para isso precisamos ir até eles, conhecê-los”. 

Capacidade, aptidão e competência

De acordo com Claudia Avellaneda, cabe ao líder e/ou gestor identificar e diferenciar três conceitos: a capacidade, a aptidão e a competência da área que comanda. A capacidade se refere aos recursos da organização, essenciais à sua sobrevivência: financeiros, materiais e humanos. 

No entanto, Claudia alerta que ter recursos disponíveis não é suficiente. É preciso saber usá-los adequadamente. “A capacidade é acumular recursos e a aptidão, é converter esses recursos em resultados. Isso faz parte da gestão estratégica”. 

A pesquisadora destaca, ainda, a necessidade de definir qual é a expertise da organização. Isto é, qual sua especialidade, o que ela faz melhor e as habilidades de que dispõe. “Competência é adquirida com o tempo. Quanto maior a especificidade da competência da tarefa, melhor a performance dessa tarefa”, defende Claudia. 

“O líder deve prestar atenção na sua equipe para alocar da melhor forma seus empregados. Essas pessoas devem ser colocadas em uma posição que, geralmente, não será afetada por fatores políticos. As habilidades desenvolvidas e aperfeiçoadas com o tempo são as que as organizações não podem se dar ao luxo de perder”, acrescenta.

Variações no desempenho

Outro fator importante no desenvolvimento do trabalho no governo, apontado pela professora da Universidade de Indiana, é identificar as causas dos problemas. Ela cita cinco passos que podem ajudar nisso:

  1. Coletar e sistematizar dados de agências em todos os níveis de governo.
  2. Visualizar dados e métricas. Sem os dados, não é possível identificar os padrões.
  3. Ter indicadores de desempenho de rastreamento.
  4. Ter valores de referência e o estabelecimento de metas.
  5. Comparar o desempenho das agências com as respostas e ações dos pares. 

Diálogo e motivação

Manter um canal de diálogo aberto com a equipe também é considerado fundamental pela pesquisadora. Ela destaca a importância de saber delegar tarefas de acordo com o perfil de cada funcionário. 

Segundo Claudia, os indicadores de desempenho devem abarcar várias dimensões, por exemplo, eficácia, efetividade, capacidade de resposta, equidade, qualidade etc.

Na sua opinião, cabe ao líder motivar os empregados para que se dediquem mais ao trabalho. “Implementar objetivos e metas a bater é importante para que a organização se dê conta dos progressos realizados e para onde deve seguir”, diz a professora. Ela destaca que os líderes devem, também, saber expor os assuntos mais importantes em reuniões de alinhamento. “Você, como gestor público, tem que se atentar em deixar isso claro aos seus funcionários para que todos estejam na mesma página”. 

Mas ela ressalta que nem  sempre as decisões em grupo são as melhores. “Muitas vezes, o grupo é contagiado por uma ideia que nem sempre é a melhor. Por isso, levar em consideração a opinião de alguém de fora pode ser decisivo para o sucesso de uma operação”, explica Claudia Avellaneda.

 

 

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