A chef de cozinha Bela Gil falou sobre a importância das políticas públicas no combate à insegurança alimentar e nutricional no Brasil durante participação na Semana de Inovação 2024, realizada pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em Brasília. Nesta quarta-feira (30), a apresentadora de TV também elogiou programas do governo federal voltados à erradicação da fome.
“Temos 8,4 milhões de pessoas passando fome, e dois anos atrás era um número muito maior, e graças à retomada das políticas públicas pelo governo atual, em menos de dois anos mais de 20 milhões saíram da insegurança alimentar”, afirmou Bela Gil, autora do livro “Quem vai fazer essa comida? Mulheres, trabalho doméstico e alimentação saudável”.
Bela mencionou ainda outros caminhos que podem ser adotados pelo Estado no enfrentamento à insegurança alimentar e nutricional do país, dentre eles o incentivo à produção orgânica e a criação de mais cozinhas comunitárias. A ativista fez parte da mesa redonda “Gênero, pobreza e segurança alimentar e nutricional: olhando através da lente dos cuidados”, na frente Diversidade e Inclusão, dentro do tema do evento deste ano, que é “Novas Formas de Cuidar”.
A palestra contou com a presença de mulheres que refletiram sobre questões de gênero e cuidado em torno da segurança alimentar. Lilian Rahal, secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, atuou como moderadora do debate e elogiou a iniciativa da Enap em abordar a pauta.
“A pauta da Semana de Inovação, com ‘novas formas de cuidar’, dá atenção a um tema tão importante e que vinha sendo apagado, mas agora faz parte da agenda do âmbito federal com a criação da Política Nacional de Cuidados. É uma agenda relevante para que a gente consiga enxergar quem cuida e o que acontece em torno dessa rotina de cuidados”, comentou.
Entre as participantes estava ainda Lucia Cirmi, ex-subsecretaria de igualdade e ex-diretora nacional de Políticas de Cuidado do Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade da Argentina.
“A economia feminista não deseja que as mulheres deixem de cuidar, mas sim que haja uma socialização e uma distribuição dos cuidados para que elas tenham mais tempo, mais oportunidades profissionais”, explicou Lucia.
A pesquisadora falou ainda sobre a questão do cuidado feminino com a perspectiva de raça, exemplificando o caso de mulheres brancas com poder aquisitivo e em situação privilegiada que terceirizam os cuidados de seus filhos a mulheres racializadas. “Como vamos resolver a agenda da pobreza sem abordar a questão de gênero, se a pobreza está repleta de mulheres que não tiveram oportunidade de estudar ou trabalhar por estarem dedicadas aos cuidados?”, questionou.
Sobre a Semana de Inovação
A Semana de Inovação 2024 é realizada pela Enap, em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério das Mulheres e o Tribunal de Contas da União (TCU), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e tem patrocínio de Petrobras, Itaipu Binacional, Instituto Unibanco, Microsoft, IBM/TD Synnex, Fundação Lemann, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), CGi.br, Serpro, Dataprev, Caixa e Governo Federal.