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Quatro escritoras contaram suas histórias, falaram sobre suas obras e explicaram como funciona o processo criativo

Xis Ataídes

“Escrever é um ato político de dar voz e corporalidade aos nossos escritos a partir da nossa realidade de mundo”, começou Ana Rossi, presidenta do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, em sua fala durante a roda de conversa com escritoras negras do DF. O evento realizado no dia 12 de março na Biblioteca Graciliano Ramos, da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), foi uma das atividades dedicadas aos Dias Internacionais da Mulher e da Igualdade Racial.

A roda de conversa marcou uma conexão estratégica e fundamental não somente para a capital federal, mas para todo o país, onde quatro escritoras apresentaram suas histórias, trajetórias e perspectivas de vida.

Ana Rossi, por exemplo, levou um pouco das suas lembranças do período da ditadura militar no país, e afirmou que a escrita é terapia “para um corpo congelado na infância”. Para ela, a literatura é um espaço de poder, para falar e ter a voz ouvida.

Norma Hamilton é professora do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB) e autora do livro de “Pedago-poemas: por uma educação antirracista”, também do livro de contos “A Mãe e o Curu-curu Quebrador”, finalista do Prêmio LOBA, 2024. De nacionalidade jamaicana, ela relatou a virada cultural que vivenciou ao vir de um país com mais de 90% da população negra para o Brasil.

“O trabalho das escritoras pretas contribui para contornar a estereotipagem de personagens negros”, disse. Em uma das alternativas para alterar o cenário de racismo, se aliou à mudança desde o início da aplicação das cotas no país.

E para confirmar essa renovação a partir do trabalho da universidade, Andressa Marques, que é coordenadora-geral de Livro e Literatura na Secretaria de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC), e umas das convidadas, foi também uma das primeiras cotistas. O evento proporcionou esse encontro entre as escritoras.

“Eu me descobri escritora há pouco tempo, no espaço da pesquisa. O livro nasce da pesquisa. É um incômodo, uma pergunta até que os fios se conectem para você contar uma história”, explicou sobre o processo criativo.

Andressa é autora da obra “A Construção”. Por meio de uma pesquisa sobre o passado da família paterna, descobriu o fascínio pela avó, que foi considera uma das mães de santo mais antigas do Distrito Federal. A saga se tornou uma ficção vencedora do concurso “Toca Literária” em 2022.

“Aqui estamos nós escrevendo, falando e publicando. Nós somos o sonho das nossas ancestralidades”, finalizou a escritora Waleska Barbosa. Vinda do Nordeste, de família humilde, muitos irmãos e todos com alguma história de superação, a também jornalista do Ministério da Saúde e idealizadora do “Julho das Pretas que Escrevem no DF”, ressaltou que esses espaços abrem oportunidades. “A gente vai forjando a história, rompendo, batendo nas portas”, concluiu.

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