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A economista e professora Mariana Mazzucato, diretora fundadora do UCL Institute for Innovation and Public Purpose (UCL/IIPP), ministrou na última terça-feira (18/02) a aula magna “Crescimento econômico sustentável, inclusivo e impulsionado pela inovação no Brasil: uma abordagem orientada por missões”. A aula é parte do cronograma de atividades promovido pela Diretoria de Altos Estudos (DAE) da Enap no escopo do programa de aprendizado aplicado resultado da parceria entre as duas instituições. Ela foi realizada na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O diretor de altos estudos da Enap, Alexandre Gomide, salientou a relação de longo prazo que a escola mantém com a economista com o objetivo de fomentar diálogos e aprendizados mútuos. "A aula de Mariana Mazzucato integra um programa mais amplo de aprendizado aplicado conduzido pela Enap em parceria com o IIPP, reforçando o compromisso da escola com a capacitação e o aperfeiçoamento contínuo de gestores públicos e pesquisadores no Brasil. A comunidade do Ipea foi convidada a se engajar nessa experiência de educação aplicada, fortalecendo o intercâmbio de ideias e a construção de soluções inovadoras para os desafios econômicos e sociais do país", disse Gomide.
A coordenadora-geral de pós-graduação stricto sensu da DAE, Regina Luna Santos, destacou a importância de entender o papel que o Estado desempenha na geração de valor futuro, em detrimento de decisões que levem em consideração somente impactos de curto prazo. "No momento que o Brasil se encontra, com tantos desafios a enfrentar, como a questão das mudanças climáticas, o envelhecimento populacional, e a insegurança alimentar, entre outros, é essencial que capacitemos as servidoras e os servidores públicos brasileiros para compreender que o jogo é de longo prazo. As políticas governamentais na área social precisam de tempo para surtir efeito e todos ganham com esse investimento", afirmou Regina.
Ao longo da Aula Magna, Mariana tratou, em diferentes perspectivas, de maneiras novas de enxergar o Estado e suas dinâmicas com os segmentos públicos e privados da sociedade. Ela advogou a ideia de elaboração de políticas públicas orientadas por missões e o desenvolvimento de capacidades estatais com o objetivo de atingir objetivos determinados. Mariana defendeu que as políticas estruturantes sejam orientadas por missões e não por setores e projetos. Segundo ela, essas missões devem ser inspiracionais, ambiciosas e realistas, intersetoriais e interdisciplinares. Além disso, Mariana destacou que tais políticas devem apontar uma direção clara e conduzirem a múltiplas soluções que se estabelecem de baixo para cima.
Mariana apontou ainda que o mercado é o resultado de uma dinâmica surgida a partir de como o Estado se constitui e do grau de porosidade nas instituições públicas para a regulação consciente, levando em consideração as demandas sociais. De acordo com Mariana, o valor público é gerado coletivamente; por isso, é necessário ponderar a construção um modelo diferente do tradicional, ou seja, que transforme o conhecido contexto em que há uma tendência de compartilhamento dos riscos e privatização das recompensas. Ela afirmou que o crescimento econômico e o desenvolvimento social são resultantes de um processo que catalisa o investimento público e cria condições para que o setor privado também invista, principalmente em pesquisa e desenvolvimento.
Mariana propôs um redesenho e a revitalização da estrutura do Estado, desenvolvendo uma burocracia criativa, mais flexível, ágil e horizontal como forma de direcionar economias para o bem comum e alcançar metas ambiciosas, como as climáticas, por exemplo. Segundo ela, a capacidade do Estado é tão importante quanto a do setor privado. Nesse sentido, ela destacou a participação social como elemento fundamental.