Começou nesta segunda-feira (12), na Escola Nacional de Administração Pública (Enap), o curso “Liderança Inclusiva e Gestão das Diversidades no Serviço Público”, com o objetivo de desenvolver competências de servidoras e servidores públicos federais. A aula inaugural do curso abordou o tema “Reconhecimento e valorização das Culturas Indígenas no Serviço Público”, priorizando a identificação de práticas racistas contra pessoas e povos indígenas e a discussão de soluções antirracistas.
“Nosso objetivo é desenvolver lideranças com consciência da relevância de promover formas inclusivas de gerir a diversidade no ambiente de trabalho”, enfatizou Iara Alves, diretora de Educação Executiva da Enap. De acordo com a diretora, as disciplinas têm foco na equidade de gênero, de raça, abrangendo a população negra, quilombola e indígena, pessoas com deficiência e população LGBTQIAPN+.
“O programa oferece ferramentas teóricas e práticas para reconhecer, respeitar e integrar as diversas perspectivas e experiências de vida na sua prática na gestão e no desenho de políticas. Queremos criar uma cultura organizacional que celebra a diversidade e promove a igualdade de oportunidades” explicou Iara. Ao final do curso, espera-se que todas as pessoas possam compreender fundamentos teóricos básicos relacionados a povos indígenas, teoria crítica racial, estudos de gênero e sexualidades e à inclusão de pessoas com deficiência. Ao reconhecer a importância da representatividade e identificar preconceitos e vieses inconscientes, líderes públicos terão maior consciência e compromisso com o desenvolvimento de suas competências para implementar estratégias eficazes de gestão da diversidade.
Para Soraya Brandão, Coordenadora-Geral de Capacitação de Altos Executivos da Diretoria de Educação Executiva da Enap (DEX), esse curso representa uma oportunidade de letramento em diversidade para nossas lideranças.
“Na primeira aula, ouvimos uma mulher indígena, nordestina falar sobre os desafios que os povos indígenas enfrentam no seu dia a dia para terem sua cultura e direitos reconhecidos e valorizados e como nós, servidores públicos, podemos absorver esse conhecimento para formulação e implementação de políticas públicas específicas, bem como acolher e fomentar o ingresso de mais indígenas no corpo de trabalho do serviço público."
Com a implementação de ações afirmativas, as aulas do programa de desenvolvimento de altas lideranças têm sido cada vez mais diversas. Esta turma é composta por 55% de pessoas brancas e 45% de pessoas negras (pardas e pretas). Quanto à composição de gênero, as turmas se dividem em 69% de mulheres e 29% de homens. Além disso, 11,8% são pessoas com deficiência, incluindo um aluno com deficiência visual que conta com o apoio de um profissional audiodescritor durante as aulas, garantindo sua plena participação.
A capacitação conta com a parceria do Laboratório de Inovação em Governo - LABORA!gov e vai até o dia 23 de agosto, com aulas programadas para segundas, quartas e sextas-feiras, das 8h30 às 12h. No último dia, haverá atividades das 14h às 17h.
Docentes – Durante o curso os participantes têm a oportunidade de aprender com um corpo docente de excelência, composto por:
- Maíra Pankararu, assessora na Presidência do Tribunal Superior do Trabalho e conselheira da Comissão da Anistia, com expertise em direitos sociais e políticas públicas;
- Fernanda Boaventura, coordenadora de Carreira e Gestão Estratégica de Pessoas no ICMBio, especialista em inclusão e acessibilidade, com experiência em educação corporativa;
- Gabriela Augusto, professora na FAAP e fundadora da Transcendemos, consultoria em diversidade e inclusão;
- Carla Antloga, psicóloga e pesquisadora em Qualidade de Vida no Trabalho na Universidade de São Paulo, oferece uma perspectiva crítica sobre saúde mental e bem-estar no ambiente organizacional;
- Juliana Cristina Teixeira, doutora em Administração e pesquisadora associada em estudos organizacionais e afro-brasileiros, traz contribuições importantes para a compreensão das dinâmicas organizacionais inclusivas;
- Marcela Timoteo, auditora e coordenadora do Comitê de Equidade, Diversidade e Inclusão do TCU, traz sua experiência em políticas públicas e direitos humanos para o contexto do serviço público;
- Paloma Abelin, psicóloga e analista de políticas sociais. Mestre em psicologia, doutora em saúde coletiva, com pesquisa em empoderamento feminino e direitos das mulheres e livro lançado no tema.
- Marcelo Ivo, psicólogo pela Universidade de Brasília, acabou se desviando, sem perceber, para a área de gestão pública. Agora já aprendeu o suficiente para conciliar o conhecimento adquirido nestas duas áreas distintas de trabalho.
- Lívia Ramalho, servidora pública há mais de 16 anos, graduou-se em Psicologia, depois de sua formação em Ciências Farmacêuticas e Mestrado em Ciências da Saúde na Universidade de Brasília. Certificada em Chief Happiness Officer, Facilitação em Felicidade Interna Bruta - FIB e Danida Fellow (Agência Dinamarquesa para o Desenvolvimento Internacional).
- Marina Marinho, analista de Políticas Sociais, possui Mestrado Profissional em Desenvolvimento e Políticas Públicas pela Fiocruz, Especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, pela UnB. Encontrou no serviço público sua forma de pensar e agir no mundo.
- Martha Lauande, analista de Políticas Sociais, formada em Serviço Social pela Universidade de Brasília, entrou para o serviço público em 2013. Começou no LA-BORA! gov como freelancer e depois entrou para o time volante!
Metodologia
Seguindo o padrão preconizado pela Enap, no curso são utilizadas metodologias participativas e colaborativas, com prioridade na aprendizagem vivencial teórico-prática. Ou seja, os participantes podem trocar experiências a partir da troca de conhecimentos e, assim, estimular a reflexão e o desenvolvimento de estratégias. Tudo em discussões estruturadas, aulas expositivas, estudos de caso e atividades em grupo.