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A diretora Executiva, Natália Teles, destacou a importância de questionar estereótipos e repensar a representatividade feminina nos cargos de liderança

Bell Vilanova
Durante o evento, a diretora Executiva da Enap, Natália Teles, abordou a interseção entre inovação, gênero e compliance
Durante o evento, a diretora Executiva da Enap, Natália Teles, abordou a interseção entre inovação, gênero e compliance

Nesta segunda-feira (7), a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) participou do encerramento do Programa de Mentoria Mulheres do Compliance. O evento reuniu cerca de 100 mulheres da área de compliance do Banco do Brasil, com uma parte do público presencial e outra acompanhando remotamente, com representantes de Recife, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.

Durante o evento, a diretora Executiva da Enap, Natália Teles, abordou a interseção entre inovação, gênero e compliance, e destacou como esses conceitos, embora abstratos, têm impactos concretos na sociedade. “Apesar das mulheres representarem mais de 50% da população, elas ocupam apenas 38% dos cargos de chefia e 14% dos assentos em conselhos corporativos no Brasil”, ressaltou. Além disso, ela demonstrou que mulheres em posições de liderança, no entanto, são mais bem avaliadas pelos funcionários, consideradas mais confiáveis e menos conservadoras.

“É importante entender o que explica a desproporção. No serviço público, por exemplo, há paridade entre homens e mulheres — 50% de cada. Mas, ao subir nos cargos, apenas cerca de 6% das mulheres chegam ao topo. Para explicar isso, além dos estereótipos de que "ela não quer" ou "não tem tempo", precisamos desenvolver essa consciência. Isso envolve questionar as premissas e o que não é dito”, afirmou a diretora.

Natália ressaltou que, enquanto mulher em uma posição de liderança, busca exercer um papel transformador - ainda que esteja em um espaço historicamente mais acessível para mulheres, como a educação, e não em áreas como tecnologia ou ciência. Sua presença na Enap abre possibilidades e muda a perspectiva de outras mulheres que a observam nesse lugar. Ela acredita ter demonstrado que é ilusório pensar que ideias preconcebidas sobre a capacidade feminina não influenciam a avaliação de propostas de maneira imparcial.

“Minha contribuição aqui é que todos nós reflitamos antes de iniciar discussões sobre compliance ou inovação. Porque a inovação tem um elemento crucial: a falha. Às vezes, ouvimos ‘somos muito inovadores’, mas, ao investir 100 mil, você pode perder 80 mil. Isso é estatístico — se a inovação não for controlada, é uma inovação mais arriscada. Tudo bem se for uma escolha, mas isso precisa estar claro na mesa. Se nossa inovação é de baixo risco, se ela não é permeável a perdas e riscos, é uma escolha consciente. Precisamos colocar essas premissas antes de avançar nas práticas e decisões. Temos que entender o que estamos discutindo, o que isso realmente significa. Porque, no momento da execução, estaremos sujeitos aos nossos vieses e a como eles podem influenciar todo o processo”, finalizou.

O evento contou também com uma palestra da gerente de projetos na Secretaria Extraordinária para a COP-30 na Presidência da República, Gabriela Lima, que levantou questões sobre as barreiras discriminatórias que as mulheres enfrentam no ambiente corporativo.