Nesta quinta-feira (31), a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) realizou a roda de conversa virtual “À Flor da Pele: Vivências de Mulheres Negras nos Espaços Públicos”.
O debate faz alusão ao Mês da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, convidando à reflexão sobre igualdade racial e equidade de gênero, buscando reconhecer as histórias das mulheres negras e as suas contribuições para a transformação social. A iniciativa reforça o compromisso da Enap com o combate às desigualdades no serviço público.
No evento, organizado pelo Comitê de Diversidades, Equidade e Inclusão da Enap, a diretora de avaliação, monitoramento e gestão da informação no Ministério da Igualdade Racial (MIR), Tatiana Dias Silva, e a diretora do Instituto Nacional de Controle e Qualidade de Saúde na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Mychelle Alves Monteiro, falaram das suas trajetórias e dos desafios relacionados à ocupação de espaços de poder e de decisão pelas mulheres negras.
A roda de conversa foi mediada pela diretora de Educação Executiva (DEX) e presidenta do Comitê de Diversidades, Equidade e Inclusão da Enap, Iara Alves, que ressaltou a importância da reflexão e escuta sobre o tema, destacando que os debates também são um chamado à ação.
“Vamos enfrentar o racismo, o sexismo e outras formas de exclusão que ainda limitam o acesso das mulheres aos espaços de decisão e de poder”, pontuou a diretora. “A representação substantiva na burocracia é importante em cargos públicos para interferir nas políticas produzidas e, principalmente, na transformação das vidas das milhares de mulheres negras e de todas as mulheres em nosso país”, acrescentou.
Um dos pontos levantados durante o debate foi a necessidade da ação coletiva e de uma luta antirracista, de modo a construir um espaço seguro e de convivência em que mais pessoas negras estejam nos espaços públicos.
De acordo com a diretora do Instituto Nacional de Controle e Qualidade de Saúde na Fiocruz, Mychelle Monteiro, a missão se alinha ao papel do serviço público, que é o de servir à população brasileira contemplando e dando oportunidade à sua diversidade.
“Nós, mulheres negras, também precisamos ser determinadas e ter coragem para estar nesses espaços. Não adianta lutarmos para termos mais espaços de poder e de liderança, se a gente não se coloca para ocupá-los. Não é fácil, nem sempre vai dar certo, muitos não querem a gente nesse local, mas é importante que a gente não desista, que estejamos sempre nos preparando, aprimorando e colocando sempre”, finalizou Mychelle.
Neste sentido, a diretora de avaliação, monitoramento e gestão da informação do MIR, Tatiana Silva, destacou que as mudanças alcançadas em relação à ocupação desses espaços por mulheres negras são resultado de passos que vêm de longe, em um terreno construído por outras pessoas em diferentes lugares, como a Enap, que atualmente tem o programa Formação e Iniciativas Antirracistas (Fiar).
Realizado em parceria com o MIR, o Fiar cria, executa e promove atividades e projetos de capacitação e desenvolvimento de competências no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial no âmbito da Administração Pública.
“Para que a gente pudesse pisar nesse terreno, outros já passaram. Alguns vão chegar depois e eles precisam de um terreno ainda melhor, com menos necessidade de resistência, com menos desafios. Que o enfrentamento ao racismo e sexismo seja incorporado nas nossas estruturas, no nosso pensamento, e que seja para nós impossível pensar nos espaços públicos sem representatividade e sem combate à discriminação. Essa é uma tarefa das instituições, mas, sobretudo, de cada um de nós”, reforçou Tatiane.