Na última sexta-feira (05), a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) foi palco do lançamento oficial da versão beta do módulo de degradação do MapBiomas. O evento contou com a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que enfatizou a importância do instrumento para direcionar políticas públicas de preservação e recuperação ambiental baseadas em evidências.
“O levantamento desses dados não apenas economizará esforços de pesquisa, mas também trará um constrangimento ético para o governo agir diante do panorama completo de degradação ambiental”, afirmou. A ministra destacou que o novo módulo será fundamental na delimitação de áreas prioritárias para recuperação da vegetação nativa, paralelamente às já estabelecidas para conservação da biodiversidade. “Queremos avançar na legislação a partir do estabelecimento de parâmetros de degradação que norteiem prioridades”, explicou.
O MapBiomas, uma rede colaborativa composta por ONGs, universidades e startups de tecnologia, já é reconhecido por seus mapeamentos anuais da cobertura e uso da terra, monitoramento mensal da superfície de água e cicatrizes de fogo desde 1985. Com o lançamento da versão beta do módulo de degradação, a plataforma expande seu escopo para incluir uma análise detalhada dos fatores que impactam a vegetação nativa do Brasil.
Detalhes da Plataforma - A nova plataforma do MapBiomas oferece uma análise abrangente sobre os impactos de diversos fatores que podem levar à degradação da vegetação nativa em todo o território brasileiro. Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas, ressaltou que esta é a primeira vez que a degradação pode ser avaliada de forma tão ampla e em todos os biomas do Brasil. Os vetores de degradação considerados incluem tamanho e isolamento dos fragmentos de vegetação, áreas de borda, frequência de fogo e tempo desde a última queimada, além da idade da vegetação secundária.
Segundo os dados apresentados, entre 1986 e 2021, de 11% a 25% da vegetação nativa do Brasil pode estar sujeita ao processo de degradação, o que corresponde a uma área significativa de 60,3 milhões a 135 milhões de hectares. Os biomas mais afetados incluem a Mata Atlântica, com até 73% de sua vegetação nativa suscetível à degradação, seguida pelo Cerrado, que apresenta a maior área absoluta de degradação, variando de 18,3 milhões a 43 milhões de hectares.
Na Amazônia, apesar de percentuais relativamente baixos (de 5,4% a 9,8%), a extensão da área degradada coloca o bioma como o segundo mais afetado, perdendo apenas para o Cerrado. Já o Pantanal, conhecido por sua resiliência ao fogo, enfrenta desafios significativos, com até 19% de suas formações florestais recentemente afetadas por incêndios.
Com a disponibilização pública dos dados através do MapBiomas, espera-se que gestores públicos, pesquisadores e sociedade civil possam utilizar as informações para promover a conservação dos biomas brasileiros e a recuperação das áreas degradadas.
Mais informações sobre o módulo de degradação do MapBiomas e sobre os principais destaques da iniciativa podem ser acessados em mapbiomas.org.