Anna Paula Feminella entrevista especialistas que falam sobre os efeitos e avanços que a mudança na forma como a sociedade enxerga a deficiência pode contribuir em aspectos da dimensão igualitária e inclusiva.
A mudança na forma de avaliar a deficiência é um fator crucial no processo de construção da nova perspectiva que passou a ter seu foco principal na forma de interação da pessoa com deficiência com o meio e em como ela é vista, ao contrário da avaliação que consiste nas características da sua deficiência.
“Os aspectos que envolvem a transição do modelo médico de avaliação para o modelo biopsicossocial da pessoa com deficiência são aspectos que buscam considerar a pessoa com deficiência como sujeitos de direitos, é nosso objetivo dentro da pauta da deficiência”, afirmou Marcelo Riberto, professor de medicina da Faculdade de Ribeirão Preto da USP em entrevista à Anna Paula Feminella, coordenadora do Programa de Inclusão de Pessoa com Deficiência da Enap, no Seminário Internacional sobre Empregabilidade da Pessoa com Deficiência, realizado na Enap nos dias 11 , 12 e 13 de dezembro de 2018.
“No processo que envolve a avaliação da pessoa com deficiência, não basta só ver o corpo. É necessário considerar os aspectos da vida dessa pessoa, o ambiente, não só o físico, mas o ambiente de políticas públicas, se a pessoa tem acesso a tratamento ou tecnologia assistiva”, declarou o professor de medicina da USP, Marcelo Riberto.
Na discussão sobre a transição do modelo médico para o biopsicossocial, a coordenadora do Programa de Inclusão de Pessoa com Deficiência da Enap defende que esse processo demanda uma transição cultural do povo brasileiro em relação à percepção sobre o que é deficiência. “Deficiência e lesão são coisas diferenciadas. Deficiência não é adoecimento. A transição cultural é um passo necessário para que as pessoas com deficiência sejam consideradas como sujeitos de direitos”, relatou Anna.
Para Izabel Loureiro Maior, médica fisiatra, ex-secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a expectativa nas mudanças é grande e o objetivo é ampliar os acessos nas políticas públicas e maior participação na sociedade. “Estamos em sintonia com os países do mundo, avançando na participação de cada pessoa e que essa pessoa seja respeitada de acordo com suas diferenças, fazendo parte da diversidade e tendo a seu dispor todos os apoios e direitos que lhe são devidos,” relatou a médica.
Anderson Sant’Anna, presidente do Comitê para Eliminação de Qualquer Forma de Discriminação da Pessoa com Deficiência da Organização dos Estados Americanos (CEDDIS-OEA), falou sobre o papel do CEDDIS, comitê estabelecido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) que monitora as políticas públicas em relação aos direitos das pessoas com deficiência.
“O comitê tem uma preocupação de auxiliar os países para alcançar a melhor sinergia no processo de construção de um modelo comum de avaliação, “declarou Sant’Anna. Ele defende um modelo que tenha potencial de alterar as relações na forma de como a sociedade vê pessoas com deficiência, contribuindo para a dignidade da pessoa humana a partir de sua maior inclusão na sociedade.
Assista os vídeos completos:
1. Avaliação da Deficiência – Entrevista com Marcelo Riberto
2. Avaliação da Deficiência – Entrevista com Izabel Loureiro
3. Avaliação da Deficiência – Entrevista com Anderson Santana
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