Modelo Homo emoticus, criado pelo francês, Thierry Paulmier, ajuda gestor a controlar as emoções da equipe no trabalho

Nesta quarta-feira, 30 de junho, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) promoveu a terceira edição do Fronteiras e Tendências (FronTend) deste ano, com o professor Thierry Paulmier, do Instituto Nacional do Serviço Público da França e autor do livro A inteligência emocional Homo Emoticus: um novo modelo de gestão e liderança pelas emoções, escrito pelo doutor, filósofo e economista. A conversa foi conduzida pela diretora de estratégia da Microsoft Brasil, Patrícia Sala.

Thierry ressaltou que algumas emoções são importantes no trabalho, como a admiração e a gratidão, mas outras, a exemplo da inveja, são muito venenosas para comportamentos humanos. “A inveja é ativada por todo tipo de obstáculo. Já a doação, geralmente é algo bom que você recebe gratuitamente. Quando você recebe o amor, um serviço, um elogio, isso gera gratidão”, explicou.

O bom gestor, segundo Thierry, precisa fazer as pessoas se sentirem felizes juntas e para isso é preciso gerar um espírito de equipe, usando a inteligência emocional. Para gerar isso, Thierry aconselha a criação de rituais, como por exemplo,  almoçar com a equipe, fazer uma festa de boas-vindas para quem está chegando e criar momentos de lazer no trabalho, como até mesmo uma meditação.

De outro lado, Thierry falou que é preciso cuidado com a comparação e com superlativos. “Uma pessoa acima da outra gera sentimento de inferioridade e pode resultar em inveja”, explicou. Prêmios ou promoções colocam as pessoas em competições e isso maximiza a performance individual.

Outra dica dada pelo economista é que o gerente conceda uma atenção especial para cada colaborador, isso a depender do tamanho da equipe. É importante fazer com que cada pessoa se sinta importante. O gerente também  precisa passar um tempo e conhecer a personalidade de cada membro. “Se você passa um tempo com elas, você cria um capital de gratidão”, disse.

Para Thierry, a motivação do trabalho vem do servir, do espírito voluntário. A ideia é fazer os colaboradores desenvolverem esse espírito de motivação voluntária. Quando a motivação de servir é intrínseca, é benéfico para a comunidade e para outras pessoas. Por outro lado, entre os motivos para uma pessoa deixar uma empresa são relacionamentos tóxicos com seu gerente.

Outro ponto ressaltado pelo filósofo francês é a importância do feedback, que não deve ser somente uma revisão anual da performance, mas deve ser feito diariamente. É necessário agradecer, e oferecer elogios ao trabalho que a pessoa fizer, pois o elogio ajuda a encorajar a pessoa. Segundo Thierry, o cérebro está mais focado no negativo, por isso é importante preparar a pessoa quando for dar o feedback negativo.

Para criar uma autoridade genuína, Thierry recomenda a gratidão e benevolência. Isso faz as pessoas se sentirem motivadas, com exemplos de admiração, o que vai criar lealdade. “O gestor é um tipo de termostato emocional, ele tem que controlar a emoção na sua equipe e se tem alguma emoção negativa, ele precisa ser protetor para minimizar o medo, tem ser exemplar e justo”, concluiu.

Thierry Paulmier  é doutor em economia e filosofia política. Começou sua carreira como economista atuando em organizações internacionais. Em seguida, voltou-se para o teatro e graduou-se na Academia Americana de Artes Dramáticas em Nova York. Desenvolveu um novo modelo teórico sobre o papel das emoções que governa as pessoas. Atualmente é referência em inteligência emocional na França, professor no INSP (Escola Francesa de Administração em Paris), na École de Guerre (Escola Francesa de Guerra para oficiais superiores) e em outras organizações públicas e privadas. Em 2021, ele publicou o livro intitulado "Homo Emoticus: A Inteligência Emocional a Serviço dos Gestores".

O Fronteiras e Tendências, #FronTend, é um ciclo de palestras mensais, organizado pela Enap com exclusividade para altos executivos do setor público, que trata sobre temas emergentes e relevantes para os governos.