A quinta edição do Programa LideraGov começou com uma programação intensa, reunindo Aula Magna e o lançamento do livro Vozes Negras no Serviço Público – Memórias e Narrativas Transatlânticas. O evento aconteceu na tarde da quarta-feira (7/5), na unidade do Sebrae Nacional, em Brasília.
O LideraGov tem como missão formar novas lideranças no serviço público, com mais diversidade e conexão com a realidade do país. A atual turma é composta por 58% de pessoas negras, 32% de pessoas com deficiência, representantes de 15 unidades da Federação e 29 órgãos diferentes, com paridade de 50% entre mulheres e homens.
A cerimônia de abertura contou com representantes do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), do Ministério da Igualdade Racial (MIR) e parte dos 50 participantes aprovados no processo seletivo de 2025.
A diretora de Educação Executiva da Enap, Iara Alves, afirmou que o programa fortalece o serviço público ao investir na formação de lideranças. “Os alunos fazem parte de um processo bastante rigoroso, o que já demonstra um ato de resistência para estar aqui hoje”, destacou.
Ela também enfatizou o caráter afirmativo da iniciativa, lembrando que a quarta edição foi voltada exclusivamente a pessoas negras e que a quinta reserva cotas para pessoas com deficiência, trans, indígenas e quilombolas. “Acreditamos que as lideranças podem ser transformadoras à medida que se modificam as prioridades. Quando falamos em diversidade, mudamos a forma de tomar decisões no serviço público”, completou.
Para o diretor de Carreiras e Desenvolvimento de Pessoas do MGI, Eduardo Almas, um dos idealizadores do programa, o LideraGov estimula o crescimento profissional dos participantes. “Cada edição revela histórias muito interessantes. O programa ajuda a compreender o papel do serviço público e desperta o senso de responsabilidade”, afirmou.
A secretária substituta de Ações Afirmativas do MIR, Layla Carvalho, elogiou a iniciativa e destacou seu papel na mudança do perfil de quem cria as políticas públicas. “O LideraGov pode formar lideranças empáticas, comprometidas com um estado mais representativo”, disse.
Já o secretário de Gestão de Pessoas do MGI, José Celso Cardoso, afirmou que a quarta edição foi marcante pela inovação em inclusão e que o programa caminha para se tornar uma política institucional. “Quanto mais o serviço público refletir o perfil da população, mais efetivas serão suas ações”, comentou.
Segundo ele, há três tipos de servidores: os que apenas cumprem sua função, os que compreendem o contexto, mas se resignam, e os que se indignam e agem — como os que participam do LideraGov. “Que esta turma mude o Brasil”, desejou.
Aula Magna - Após a abertura oficial, os participantes assistiram à Aula Magna com o tema Propósito, Espírito Público e Papel das Lideranças, ministrada por Roberta Eugênio, secretária-executiva do MIR, com mediação de Iara Alves, da Enap.
Durante a fala, foi anunciada a aprovação, no Senado, do projeto de lei que amplia de 20% para 30% a reserva de cotas para pessoas negras nos concursos públicos federais. Para Roberta, a medida é mais que uma política de acesso: “É uma oportunidade de termos políticas mais efetivas, promovidas por servidores que compreendem a realidade da população”.
Roberta compartilhou sua trajetória pessoal e ressaltou que, apesar do combate ao racismo estar na agenda pública, o enfrentamento ainda é difícil. “As estruturas te dizem o tempo todo o que você não pode fazer. Cheguei a lugares que nunca imaginei, mas não há alegria em chegar sozinha”, afirmou.
Para ela, liderar é ocupar espaços coletivamente e abrir caminhos para outras pessoas. “O papel da liderança, além de inspirar, é compreender necessidades”, disse. Roberta destacou ainda que o LideraGov tem se aperfeiçoado e contribui para um serviço público mais igualitário.
A presidente substituta da Enap, Natália Teles, encerrou o primeiro momento do evento, destacando o empenho das equipes da Enap, MGI e MIR, bem como o esforço dos alunos. “Transformar ideias exige transformar pessoas. Não se trata de algo intuitivo: é preciso profissionalizar as lideranças”, concluiu.
Com informações do MGI.