Dando continuidade à programação do Ciclo Mutações, a Enap recebe nesta segunda-feira (11), a partir das 18h30,

a doutora pela USP e pela École des Hautes Études, e professora titular dos departamentos de filosofia da USP e da Unifesp, Olgária Matos. Ela vem à Escola para ministrar a conferência "Fim da história compartilhada, desamparo na ausência de mundo". As vagas são limitadas. Inscrições no local.

Olgária escreveu Rousseau: uma arqueologia da desigualdade, Os arcanos do inteiramente outro – a Escola de Frankfurt, a melancolia, a revolução, A Escola de Frankfurt – sombras e luzes do Iluminismo e Discretas esperanças: reflexões filosóficas sobre o mundo contemporâneo. Colaborou na edição brasileira de Passagens, de Walter Benjamin, e prefaciou Aufklârung na Metrópole – Paris e a Via Láctea. Participou das seguintes coletâneas: Mutações: ensaios sobre as novas configurações do mundo, Mutações: a experiência do pensamento, Mutações: elogio à preguiça (ganhador do Prêmio Jabuti em 2013), Mutações: o futuro não é mais o que era e Mutações: entre dois mundos. a próxima semana - 11, 12 e 14 de junho - os últimos três encontros do ciclo. As atividades estão marcadas para às 18h30, com entrada franca.

Sinopse

Para analisar a modernidade, Walter Benjamin a caracteriza pelo predomínio da técnica e do fetichismo em suas relações com a sociedade e as guerras, entrevendo os desastres que uma civilização industrial em crise pode causar. Referindo-se a Eduard Fuchs, escreve: "Ele só podia ver na evolução da técnica o progresso das ciências naturais e não as regressões da sociedade […]. As energias que a técnica desenvolve para além deste limite são destrutivas. Colocam na linha de frente a técnica da guerra e sua preparação pela imprensa." Para Benjamin, a crise perde seu caráter transitório e superável, cedendo a um conceito de crise como condição permanente. Hannah Arendt, por sua vez, anota: "De agora em diante, a morada da alma só pode ser construída com firmeza na sólida fundação do mais completo desespero." A esta mortificação, Hannah Arendt denominou "acosmismo" (worldlessness), ausência de mundo, ao se referir a uma figura inédita da alienação que é perda do mundo comum, resultado da pleonexia da ciência e da técnica que, depois de 1945 e da bomba atômica, são capazes de destruição de todas as formas de vida. Mundo sem referências estáveis e estabilizadoras, ele evoca as consequências dramáticas para a ciência da ruptura com a tradição; e, na vida política, as antigas formas de pertencimento a uma comunidade de destino se retraíram com a dissolução de uma história compartilhada, resultando em particularismos identitários. Modernidade em crise de filiação, as figuras de Édipo, Telêmaco e Hamlet constituem seu medium de reflexão.