nesta quarta-feira (30), do PainelWW. O programa, apresentado e moderado pelo jornalista William Waack, teve como tema a seguinte pergunta: O Brasil será governável a partir de janeiro de 2019?
Além do presidente da Enap, também participaram como debatedores convidados o professor sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), José Álvaro Moisés, e o professor do Insper, Milton Seligman.
Em sua participação, José Álvaro Moisés destacou que há dois parâmetros para se responder à pergunta debatida: "Em primeiro lugar, existirá Estado? Pois só se governa se existe Estado. De uma certa forma, esse período recente mostrou que há uma série de fragilidades no Estado Brasileiro. O outro parâmetro é que frequentemente pensamos na governabilidade apenas como atributo de quem governa. Mas ela também é um atributo de quem é governado. E aí entra a questão que diz respeito a outro lado da debilidade do Estado: o sistema político brasileiro, de certa maneira, está com um furo muito grande no que se diz ao sentimento de representação. Na democracia, os soberanos são os eleitores, então se os eleitores não se sentem parte disso, a soberania desaparece".
Na opinião de Milton Seligman, "o Brasil terá enormes dificuldades de governabilidade daqui para frente, incluindo 2019". "Perdemos as grandes lideranças do país, independentemente de qual lado elas vinham, e, ao mesmo tempo, estamos precisando eleger lideranças. Acredito que estamos vivendo uma situação difícil", explicou. Ele também destacou que "a corrupção não é somente a culpada da situação que vivemos, mas também erros políticos e intervenções erradas do Estado".
Em sua participação, Francisco Gaetani, ressaltou que "o país já esteve em situações piores do que está hoje". "Atualmente, o país está muito mais robusto e resiliente, com condições de enfrentar essa crise. Só que o Brasil está em uma neblina, com a saída de um lado, o buraco de outro, mas para que possamos entender para onde ir, precisamos saber onde estamos", disse.
Para Gaetani, "a democracia é um conflito". "O conflito não vai embora, e nós precisamos organizar as bases para enfrentar esse conflito", apontou.
O presidente da Enap frisou que "a máquina pública está na situação em que se encontra, em grande parte, porque sucessivos governos não foram capazes de continuar o processo de construção de um Estado que reflita o interesse público". "Não existe essa história do Brasil ser passado a limpo em um toque de mágica. O pais somos nós, e chegamos nessa crise por vontade própria, não temos como colocar a culpa nos outros. Teremos que sair desse buraco por esforço próprio, dependemos dos nossos próprios resultados", esclareceu.
Para concluir sua participação, Francisco Gaetani declarou: "Nós dependemos muito de esforço, de encontrar equilíbrio. Estamos em um momento de uma multipolarização e de um cansaço, uma exaustão que dificulta a conversa e o diálogo, que tem que ser retomados. As coisas não mudam a não ser que se construa politicamente essa mudança. Antes tínhamos um caso de leniência, hoje estamos pendendo para um excesso de controle. Isso precisa ser enfrentado com equilíbrio, com bom senso, com discernimento, com contenção, mas o mais importante é que tem que ser enfrentado com diálogo".
Assista ao programa completo:
Inscrição cancelada com sucesso!