a partir das 18h30, o professor da Universidade Paris-Est Créteil (Upec) e editor dos últimos cursos de Michel Foucault no Collège de France, Frédéric Gros. Ele vem à Escola para ministrar a conferência "Desobediência política: o enigma da primeira pessoa". As vagas são limitadas. Inscrições no local.
Frédéric Gros é autor de livros sobre a história da psiquiatria e filosofia penal. Estabeleceu, com Arnold Davidson, uma antologia de textos de Foucault, intitulada Philosophie. Escreveu Caminhar, uma filosofia, États de violence – Essai sur la fin de la guerre, Désobéir e Possédées (romance).
Sinopse da palestra
Se a desobediência representa o grande impensado do pensamento político, é porque a filosofia se contentou essencialmente em estabelecer os princípios racionais e abstratos de nossa obediência. Mas por muito tempo ela se recusou a colocar a questão essencial: por que obedecemos? Ora, é da resposta a essa questão que depende uma verdadeira reflexão sobre a desobediência política. É nossa obediência o resultado de uma relação de forças, de uma violência armada, de uma coerção econômica (modelo da submissão)? Ou é a expressão de um reconhecimento de inferioridade frente a uma autoridade legítima (modelo da subordinação)? Ou ainda: trata-se de um simples alinhamento passivo segundo o comportamento dos outros (obedeço porque todo mundo obedece, para ser "como os outros": conformismo)? Esses três modelos se inscrevem em paradigmas pré-políticos (paradigmas econômico, parental, social). Eles deixam entrever estilos diferenciados de desobediência: a rebelião, o direito de resistência, a transgressão.
A simples diversificação dos estilos de obediência permite já ultrapassar a evidência demasiado consensual da submissão. De fato, convém avaliar a força e a fragilidade indissociáveis da ideia de que toda obediência é o resultado de uma violência primeira. A força desse modelo está em sua capacidade de desmistificação. Pode-se, por exemplo, estabelecer que a obediência de gratidão nunca é senão a interiorização resignada de uma relação de forças (violência simbólica). Mas, por outro lado, considerar que toda obediência é necessariamente o produto de uma coerção exterior é esquecer uma parte de sombra na relação política, essa parte de sombra que um autor como La Boétie revelou magnificamente. É possível, com efeito, que haja na obediência uma adesão de fascínio e como que uma relação de encantamento na raiz de nossa obediência.
Para pensar formas propriamente políticas de obediência é preciso voltar-se para dois outros conceitos: o consentimento e a obrigação. O consentimento é o grande conceito moderno da obediência política. Se aceitarmos deixar de lado suas formas totalitária ou de segurança pública, ele permite pensar uma sociedade de homens livres reunidos num projeto de viver-junto e dar um novo sentido às ações de "desobediência civil". Quanto à ideia de "obrigação", ela permite aprofundar o sentido da desobediência política e examinar suas condições transcendentais. Trata-se desta vez de pensar uma forma de obediência que seja o resultado de uma ordem a si mesmo: obedeço porque ordeno a mim mesmo obedecer (esse modelo agonístico pode ser construído a partir do livro III da Política de Aristóteles). Então obediência e desobediência formam uma dobra ético-política irredutível, "obedecer" e "desobedecer" podem ser colocados sob a injunção do cuidado de si e da responsabilidade política. Thoreau escreveu em seu Diário: "E se não sou eu, quem o será em meu lugar?" É assim que não posso pedir a ninguém para resistir em meu lugar. Ninguém pode me substituir quando se trata de revoltar-se. Desobedecemos sempre em primeira pessoa. É o mistério dessa primeira pessoa que nos propomos desdobrar, na medida em que ele contém o segredo das grandes lutas políticas.
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