No último sábado, 28 de novembro, foi realizado o Demoday, com a apresentação dos trabalhos das seis equipes classificadas na primeira fase do Desafios CNJ Inova.
Os grandes vencedores foram a equipe da solução EITA!, no Desafio 1 – Tempo e Produtividade: Como podemos, a partir da base de dados do DataJud, identificar padrões e comparar o andamento de processos em cada unidade judiciária do Brasil, levando em consideração as peculiaridades locais e o nível de complexidade, em razão da competência e da matéria do direito? #processmining
No Desafio 2, sagrou-se vencedora a solução FaxinaJud. O projeto tratou das inconsistências de dados nos sistemas dos tribunais. A questão era: Como podemos identificar e corrigir na base do DataJud as inconsistências nos metadados dos processos em tramitação dos sistemas nos tribunais? #saneamento
Deixe os dados surpreenderem você
Nesta matéria, a Enap dá destaque à equipe do Desafio 1, que submeteu a solução chamada EITA! E qual o motivo da escolha do nome? “Eita é uma interjeição que indica admiração, felicidade, espanto, surpresa. Expressão muito utilizada no Nordeste, especialmente em Pernambuco. Escolhemos esse nome para o nosso projeto justamente pela surpresa que a mineração de processos e os dados por ela revelados causam no usuário e gestor. Apresentados os resultados de BI, mineração de processos e inteligência artificial, a reação é sempre essa: EITA! Deixe os dados surpreenderem você!”, afirma a equipe.
Vencedores falam sobre seu projeto
“O Eita! é uma solução de mineração de processos de negócios a partir de processos judiciais, para apoio à tomada de decisões de gestão do Judiciário. A solução alia técnicas de BI, Process Mining e Inteligência Artificial oferecendo informação estratégica de qualidade.
A ferramenta permite comparação entre unidades judiciais de todo o Brasil, agrupando-as não somente com base no acervo, porte do tribunal ou distribuição, mas levando em consideração dados socioeconômicos e demográficos, tais como PIB per capita e população. Os clusters foram criados de forma distintas para cada ramo da Justiça, de forma que sejam mais adequados à realidade. A comparação de fluxos de trabalho de várias unidades jurisdicionais semelhantes de forma intuitiva e numa mesma tela facilita a constatação de gargalos, importante ferramenta de gestão, permitindo confrontar fluxos processuais diferentes sob a perspectiva de eficiência do serviço prestado.
Outro diferencial é que ao invés de comparar varas de acordo com critérios já existentes (classe, natureza, tipo da vara), o EITA! Também utiliza uma variável nova, denominada atuação. A partir da análise das classes e dos dados de um processo que tramitam em uma unidade jurisdicional, geramos um modelo capaz de identificar a atuação daquele juízo com alta acurácia.
Utilizando-se de técnicas de inteligência artificial, incorporamos ainda um modelo preditivo de checagem de duração de processos e gargalos enfrentados nas mais diversas fases que faz a análise de um processo específico, levando em consideração todos os outros processos de natureza e classe semelhantes, dentro de um mesmo tribunal.
A partir dessa predição, o EITA! gera alertas ao usuário, indicando duração estimada daquele processo (total e em fases), probabilidade de duração acima da média, análise de criticidade (+ de 100 dias), estabelecendo percentual de processos críticos com as mesmas características. Essa parte da ferramenta pode, inclusive, evoluir para permitir acesso ao jurisdicionado, usuário final, cidadão”.
Composição da equipe vencedora do Desafio 1
São seis integrantes da equipe responsável pela solução EITA!, oriundos do Tribunal de Justiça de Pernambuco:
Cleber Tavares de Moura, arquiteto de soluções, analista judiciário no TJPE desde 2009
Fabio Cruz Tavares, Técnico Judiciário/Programador no TJPE desde 2015
Hadautho Roberto Barros Da Silva, analista Judiciário no TJPE desde 2010
Jose Faustino Macedo De Souza Ferreira, juiz de Direito no TJPE desde 2012
Luiz Henrique Nogueira Seus. servidor do TJPE desde 2013
Suely Cleonice Batista, está no TJPE desde 2011 e trabalha na Unidade de Arquitetura de Dados, responsável pela modelagem de banco de dados.
Organizadores se manifestam sobre os resultados dos Desafios
Camila Medeiros, coordenadora-geral de Gestão do Conhecimento, Tecnologias e Prêmios da Enap, que também coordenou os desafios junto com a equipe do Conselho Nacional de Justiça, lembrou que a plataforma de desafios da Escola tem um ano de existência, período em que foram realizados 12 desafios, envolvendo mais de 2 mil pessoas nos projetos de inovação aberta lançados em 2020. “Os primeiros parceiros dão um salto de fé com a gente, testando formatos, em uma curva de aprendizagem”, destaca. Ela agradeceu a confiança do CNJ no trabalho da Enap e parabenizou todos os participantes.
Para a juíza auxiliar da Presidência do CNJ Ana Lucia Andrade de Aguiar, todos os trabalhos apresentados durante o CNJ Inova foram de excelência. “Essa análise de dados interessa muito ao CNJ, que tem a vocação de reunir os dados dos tribunais, mas não tem todo esse conhecimento de análise destes profissionais. E juntos nós podemos somar esses trabalhos para o Poder Judiciário e também para a sociedade.”
Fábio Ribeiro Porto, juiz auxiliar da Presidência do CNJ e um dos jurados, afirma que foi uma experiência fantástica, não só virtual, mas institucional. “Fico feliz em ver todas as ferramentas aqui apresentadas, o empenho de todas as equipes. Literalmente foi bem difícil selecionar uma. Todos já são campeões, dignos de nota e aplausos. A Eita! trabalha com uma ferramenta de fluxo fantástica, inovadora. Isso ajuda a percepção de solução de problemas, portanto, entendemos que merecia se sagrar vencedora do Desafio 1”, afirma o juiz.
Para Thiago Vieira, diretor do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação do CNJ, “mais importante do que um vencedor, do que a competição em si é fazer a inovação gerar no âmbito do Judiciário sem a necessidade de participação exclusiva da máquina pública, do CNJ e dos tribunais.
Sobre os Desafios CNJ Inova
552 participantes se inscreveram na maratona do CNJ Inova. Foram formadas 47 equipes para o Desafio 1 e 22 equipes para o Desafio 2. Na primeira fase, foram classificadas seis equipes. Em todas as etapas da jornada os participantes receberam apoio, mentorias específicas para que estivessem com todas as condições para elaborar seus projetos.
A premiação total é de R$ de 200 mil. Os seis projetos selecionados receberão R$ 20 mil. E as duas equipes vencedoras receberão mais R$ 40 mil cada.
A realização foi do Conselho Nacional de Justiça, com a parceria da Enap. Participaram da jornada o Lab Griô e a empresa Shawee, que tem experiência na organização de hackatons.
A próxima matéria será sobre o Desafio 2, com a equipe da solução FaxinaJud.
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