A violência contra a mulher continua sendo um desafio profundo no Brasil, demandando políticas públicas eficazes e acolhedoras. Para debater o tema, foi realizada, na quinta-feira (31), último dia da Semana de Inovação 2024, a palestra “Cuidados em Tempos de Epidemia: Design de Serviços para Mulheres Vítimas de Violência”. O momento reuniu especialistas e lideranças para compartilhar experiências e discutir soluções práticas para enfrentar essa questão urgente.
As participantes compartilharam suas experiências a partir dos trabalhos que desenvolvem em prol da população feminina. Avelin Buniacá Kambiwá, socióloga indígena da etnia Kambiwá e mestre em Estudos da Ocupação, abriu o debate trazendo a perspectiva das mulheres indígenas, que vivem uma violência ainda mais complexa. “O combate à violência contra a mulher precisa ir além do gênero, considerando também as diferentes realidades culturais. Para nós, mulheres indígenas, isso significa lidar com múltiplas camadas de vulnerabilidade. Políticas públicas inclusivas são fundamentais para garantir uma proteção verdadeira”, afirmou.
Na perspectiva da gestão pública, Maria José da Silva, secretária da Mulher e dos Direitos Humanos de Alagoas e primeira mulher de ascendência indígena a ocupar esse cargo, enfatizou a importância da integração entre os serviços de apoio. “Construir uma rede interligada entre saúde, segurança e assistência social é essencial. Em Alagoas, trabalhamos para que cada um desses setores esteja preparado para acolher cada mulher que busque ajuda, com eficiência e empatia”, disse.
No Rio Grande do Norte, a secretária estadual de Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Josiane Bezerra, apresentou diversas ações que estão sendo implementadas, como a ampliação do número de delegacias das mulheres e a criação de casas de acolhimento e o apoio à reintegração no mercado de trabalho. “No início da gestão, havia apenas cinco delegacias de proteção às mulheres. Hoje, são 12. As casas-abrigo também são uma resposta urgente para proteger mulheres em risco, mas oferecer oportunidades de trabalho é um passo essencial para que elas possam reconstruir suas vidas, ganhando autonomia e rompendo o ciclo da violência”, descreveu.
O evento foi mediado por Flávia Defacio, diretora de Relações Institucionais e Parcerias no Instituto GENi, que apresentou o cenário e a estatística alarmante de violência contra mulheres e ressalvou a importância e a necessidade de inovar nos serviços de apoio às mulheres. “A inovação deve ser sensível e conectada às realidades das mulheres que vivem a violência. Só assim os serviços públicos poderão realmente transformar vidas e promover a justiça de gênero.”
Sobre a Semana de Inovação
A Semana de Inovação 2024 é realizada pela Enap, em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério das Mulheres e o Tribunal de Contas da União (TCU), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e tem patrocínio de Petrobras, Itaipu Binacional, Instituto Unibanco, Microsoft, IBM/TD Synnex, Fundação Lemann, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), CGI.br, Serpro, Dataprev, Caixa e Governo Federal.
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