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Políticas monetárias e fiscais norteiam e impactam diretamente a inflação e a taxa de juros de um país, estimulando ou retraindo a economia dependendo do cenário que se apresenta. A formulação destas políticas é um dos desafios do governo para buscar equilibrar a economia nacional. Com o objetivo de discutir tais desafios, o economista norte-americano John H. Cochrane conversou com o presidente da Enap, Diogo Costa, na edição do FronTend, no dia 13 de outubro. A cada 15 dias, o evento Fronteiras e Tendências (Frontend) traz nomes do Brasil e do exterior com propósito de promover a discussão de temas atuais e relevantes do governo. 

Cochrane é um Jack Anderson Fellow na Hoover Institution. Ele também é pesquisador associado do National Bureau of Economic Research e pesquisador adjunto do CATO Institute. Fellow é o termo usado em países de língua inglesa para um membro de um grupo de professores de alto nível de uma faculdade ou universidade (academia) ou de sociedades acadêmicas em particular (sociedade científica). O economista também escreve sobre economia monetária, precificação de ativos e mercado financeiro, além de artigos de opinião e ser o autor do blog The Grumpy Economist.

No debate, Cochrane ressaltou a importância da interação entre as políticas monetária e fiscal para o controle da inflação, usando como exemplo a crise gerada com a pandemia da Covid-19 nos EUA: “Durante a recessão da Covid, foram impressos milhões de dólares e colocados nas mãos das pessoas, gerando inflação. Há a necessidade da política monetária ser apoiada por um ajuste fiscal do governo, caso contrário ela pode se tornar falha, assim como outros modelos. Toda contenção de inflação que conheço, historicamente, vem com políticas fiscais e monetárias juntas”, explicou. 

Preocupado com a taxa de juros e com o aumento da inflação nos Estados Unidos,  e que afeta boa parte do mundo, gerada pela crise da pandemia, o economista alertou para a necessidade de resolução de uma política fiscal adequada. “Você não pode simplesmente brincar com o Banco Central, tem que resolver o problema fiscal para parar a inflação e, se não puder fazer isso, acaba gerando mais taxa de juros, e se a coisa toda ficar pior então me preocupo que os Estados Unidos podem acabar redescobrindo essas lições que nós não aprendemos com outros países. Temos que redescobrir essas lições por nossa própria conta”, alertou o economista.

Ao longo da conversa, em que Cochrane salientou as experiências econômicas norte-americanas, Diogo contextualizou o economista a respeito da situação brasileira. “Bem, só para te informar um pouco sobre o Brasil, um país que também tem uma relação dívida / PIB de 100% e agora enfrenta uma inflação crescente, o FMI está prevendo uma inflação de 7,9% para 2021 e nossas taxas de juros passaram de um nível historicamente baixo de 2% em janeiro para 6,25% em setembro, e ao mesmo tempo o país enfrenta pressões de fora para abolir o teto de gastos do governo, que acabou de ser criado em 2018”, explicou o presidente da Enap.

Altos impostos até poderiam ajudar no controle da inflação, indica Cochrane, no entanto a medida corre o risco de gerar problemas ainda mais complexos, apesar de gerar um pouco mais de dinheiro por um tempo acaba reduzindo o crescimento econômico. “A política não é só sobre o que você está fazendo agora, mas também pelo o que as pessoas esperam no futuro”, reflete.  

Moedas Digitais

A respeito do futuro das moedas digitais, John analisou pontos positivos e negativos em sua adoção, incluindo problemas com a privacidade, e questionou o alcance do dinheiro gerenciado de forma virtual, mas salientou a importância da nova forma de dinheiro para otimizar o tempo e diminuir o custo das operações bancárias. “Até agora, tem sido uma inovação técnica, mas não há nenhuma inovação financeira. Nos EUA, ainda estamos sujeitos à tirania das empresas de cartão de crédito, que cobram de dois a quatro por cento de cada transação, o que é uma quantia exorbitante”, afirmou.

Seguindo a conversa, o economista ainda falou sobre a influência da economia nas políticas climáticas, o futuro das startups, os mercados de previsão, entre outros assuntos que podem ser considerados desafiadores para a formulação de políticas monetárias da atualidade. Confira abaixo os principais pontos da conversa entre John H. Cochrane e Diogo Costa: