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Pesquisadora da Escola de Governo de Harvard defende que o setor público precisa usar mais recursos de tecnologia e compartilhar informações para resolver problemas dos cidadãos

A internet produz atualmente um volume extraordinário de dados e informações, mas os governos ainda têm dificuldade para usar essas fontes para aprimorar os serviços voltados à população. No mundo todo, os usuários da rede fazem 5 bilhões de buscas diárias por algum tipo de informação, sendo a maior parte delas por meio de telefones celulares. “Estamos mergulhados nesse mar de dados e não conseguimos analisá-los de forma adequada”, avalia Jane Wiseman, pesquisadora da Escola de Governo de Harvard.

Wiseman participou hoje da primeira sessão da Arena Futuros, na Semana de Inovação 2002, juntamente com Tanja Aitamurto e Tiago Peixoto. As palestras deles apontaram os caminhos nos próximos anos para os temas Governo Aberto e Engajamento das Pessoas. Eles focaram suas exposições em casos exemplares no mundo todo que envolvem justamente a utilização de recursos tecnológicos para melhorar serviços públicos e aprimorar mecanismos de participação política. 

Nos Estados Unidos, segundo Wiseman, o uso de dados digitais vem alcançando resultados satisfatórios. Exemplo conhecido mundialmente é a informação de satélites que abastecem sites e aplicativos de previsão do tempo. A cidade de Chicago, contou a pesquisadora, recorre à análise de dados para monitorar problemas com a venda de alimentos. Se começam a surgir reclamações nas redes sociais, os órgãos de fiscalização inspecionam restaurantes ou supermercados. 

“Usar essas informações gera uma economia de tempo e de recursos públicos, além de aumentar a eficiência”, explicou Jane Wiseman, ressaltando que os governos ainda têm um longo caminho na chamada “mineração de dados”. Essa mineração é a busca e a análise de informação dispersa em grande quantidade pela internet. “Hoje 99% das empresas e dos governos investem em big data, mas apenas 27% deles conseguem realmente explorar o serviço e fazer mudanças”, disse.  

Qual o segredo para os governos darem um salto inovador com a tecnologia? Segundo Wiseman, o ponto chave é o compartilhamento de dados e informações pelas várias áreas governamentais. Ela citou um exemplo prosaico dos Estados Unidos: não há cruzamento de dados das carteiras de motorista (um dos principais documentos no país) e os registros para uma pessoa se casar. Resultado: o noivo ou a noiva precisa muitas vezes ir ao estado onde foi registrada sua licença de motorista para regularizar os papéis de matrimônio.

Nesse trabalho de compartilhar dados, uma solução para os governos é fazer parcerias com universidades e think tanks que têm expertise em trabalhar com grandes volumes de informação (big data). “Essas instituições têm maior poder computacional e podem ajudar muito os governos”, afirmou Wiseman. 

 

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