O problema era a evasão dos jovens empreendedores da cidade de Luzerna. Embora tenhamos aqui no município 2 Escolas Profissionais de excelente qualidade, o SENAI e o Instituto Federal, o que é bastante para uma cidade de 5.686 habitantes, os nossos jovens se formam e acabam migrando para cidades como Joinville, Curitiba, Florianópolis, atraídos pelas oportunidades oferecidas em grandes centros urbanos. Com a Incubadora, muitos deles agora tem oportunidade de permanecer aqui no município, gerando emprego, arrecadando impostos e, principalmente trazendo inovação

Perdíamos a cada ano em média 40 a 50 jovens entre os 20 e os 30 anos de idade, o que para uma cidade de 5 mil habitantes é muito. Esses jovens com alta competência profissional, e na fase mais inovadora da vida, significam uma perda irreparável para o futuro do município, sem falar da falta de mão de obra que as indústrias locais têm, sempre com dificuldades para contratar.

A nossa Incubadora conseguiu, apesar das dificuldades, reter a nata da juventude empreendedora. Temos algumas empresas incubadas faturando mais de R$ 1 milhão por ano, algumas com 7, 10, ou mais funcionários. Obviamente, nem todos os jovens que se formam no SENAI ou no IFC tem vocação para criar uma empresa, muitos preferem trabalhar como empregados, mas a Incubadora também gera empregos, então entendemos que ela foi a melhor solução que o município pode fazer para reter nossos talentos em casa. No começo, quando foi criada em 2010, a Incubadora ainda era desconhecida, e tínhamos que fazer divulgação em caráter permanente. Mas agora, quando a Incubadora já completa 13 anos de funcionamento, e já graduou várias empresas, passou a ser considerada um sucesso em nosso estado, e percebemos que a demanda por salas para incubação vem crescendo

Se levarmos em conta que a Incubadora de Luzerna foi a primeira incubadora pública criada por uma prefeitura em Santa Catarina, certamente é uma grande inovação. Luzerna inova neste aspecto desde 2005, quando foi o primeiro município brasileiro a promulgar uma Lei Municipal de Inovação, logo após a criação da Lei de Inovação brasileira.

Acreditamos que o mercado local de novas empresas com interesse em incubação engloba um potencial de 10 a 15 novos pedidos para incubação a cada ano, baseado na média de pedidos, além das 45 salas de incubação que temos atualmente. Chamo atenção ao fato de que nosso espaço físico disponível no momento já esteja próximo da saturação e precisemos ampliar. Se pensarmos no mercado final, ou seja, os clientes atendidos pelas empresas incubadas na ITL, aí se trata de centenas de clientes.

Atualmente consideramos que o nosso público-alvo é aquele formado por jovens empreendedores com interesse em uma sala para se incubar na ITL. Esses clientes são alunos que terminam os cursos técnicos no SENAI e no IFC, e os que terminam os cursos de Engenharia no IFC, mas também temos alguns clientes que vem de universidades situadas em municípios vizinhos, com a UNOESC de Joaçaba. Pensando em termos indiretos, o público final que é atingido pelas empresas incubadas na nossa ITL, nesse caso são clientes situados em centenas de municípios de vários estados brasileiros, incluindo indústrias, empresas agrícolas, prestadores de serviço, entre outros.

A nossa é a única incubadora presente no município. Mas devido ao baixíssimo custo de incubação e à presença das indústrias do APL de Luzerna, acabamos também recebendo alguns empreendedores de cidades vizinhas, até mesmo de Joaçaba, cidade vizinha que também tem uma incubadora, o que demonstra as vantagens que oferecemos.

Em termos do valor criado pela Incubadora, o poder de geração de riqueza da ITL é imensurável. Temos casos de empresas que hoje atendem o mercado internacional, como a ex-incubada Odeme, que se graduou na incubadora recentemente e hoje funciona no distrito industrial de Luzerna e tem clientes em outros países, inclusive abriu um escritório na Flórida, nos Estados Unidos. São várias empresas que crescem e contratam pessoal qualificado, aumentando a comunidade de inovação na cidade. Contudo, em termos do preço cobrado por nós, é baixíssimo, cobramos cerca de R$37 pelas salas menores, um valor que dificilmente será encontrado em outro lugar do Brasil.

Em primeiro lugar, noto que os incubados em geral têm uma relação pessoal e de carinho pela ITL. Muitos deles já conheciam a Incubadora desde a escola, e ao se formar já tinham a certeza de abrir uma empresa na ITL. Há bastante confiança na relação das empresas com a Diretoria da Incubadora, e são muito comuns os eventos que ocorrem lá dentro, onde os incubados e a diretoria estão sempre criando novas ideias e buscando novos caminhos e oportunidades.

A Incubadora abre novos editais para incubação todos os anos. Os interessados em incubação apresentam um plano de negócio simplificado com as principais características do negócio, as etapas de implantação e gerenciamento da empresa, e um estudo de mercado com estimativa de vendas e de receitas financeiras. O Plano é avaliado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico e, caso aprovado, o empresário recebe espaço físico dotado de infraestrutura de informática e mobília com instalação elétrica, água, telefone e internet, além do serviço de apoio ao incubado, realizado pela secretaria da ITL, bem como sala de reuniões e auditório com capacidade de 130 lugares equipado com recursos audiovisuais.

Pretendemos não apenas absorver, mas também estimular o potencial de inovação representado pelos jovens formados nos cursos profissionais das nossas escolas. Nesse sentido, embora falar em parcela de mercado não faça muito sentido no âmbito local, já que somos os únicos e já que o objetivo da incubadora é a prestação de um serviço público de fomento à inovação, eu diria que a ideia é manter os 100% de parcela do mercado local.

Nossa Incubadora é a única que existe no município. Contudo, podemos considerar, pensando no aspecto puramente mercadológico, que há Incubadoras e pré-Incubadoras em municípios próximos, como é o caso da nossa cidade vizinha de Joaçaba, que podem ser consideradas como nossas concorrentes, embora o espírito seja de cooperação.

Acreditamos que os principais diferenciais da nossa Incubadora sejam o baixíssimo preço cobrado das empresas que vêm se incubar, provavelmente o mais barato do Brasil, e em segundo lugar a existência do Arranjo Produtivo Eletro-Metalomecânico no município de Luzerna, com dezenas de indústrias, o que já direciona as empresas que vêm se incubar para que atendam as demandas das indústrias locais, ou seja, já existe um mercado local pronto para absorver as tecnologias criadas pelos nossos incubados

Podemos considerar que os principais parceiros da Incubadora, seguindo a sua história, são a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina, Fapesc, responsável pelo investimento inicial que permitiu à Prefeitura abrir a ITL, além do Instituto Federal Catarinense com o qual temos dezenas de iniciativas e projetos, bem como o SENAI de Luzerna e o SEBRAE local, parceiros de primeira hora que nos acompanham até hoje. Em 2021, ganhamos o Centro de Inovação Vale do Rio do Peixe, inaugurado em Joaçaba, que se tornou desde já um dos mais importantes parceiros. E finalmente, a UNOESC, universidade local sempre importante em parcerias de inovação.

Há vários fatores que influenciam positivamente o engajamento da nossa equipe. Em primeiro lugar, creio que as conquistas da Incubadora, como o fato de Luzerna ter sido apontada recentemente como a cidade com maior número de Startups por habitante do Brasil, tudo isso traz um elemento a mais, um apelo emocional muito forte, uma espécie de “torcida” por parte da própria equipe, que acaba se tornando uma paixão que se reverte no dia a dia do trabalho. Além disso, penso que a oferta de concursos, desafios, e editais por parte de fundações, empresas e órgãos federais e estaduais, acabam também motivando a nossa equipe que transmite isso aos incubados.

Para que possamos atender à totalidade dos jovens empreendedores que se formam nas escolas locais, será necessário transcender os limites impostos pela nossa capacidade de incubação, que atualmente é de 45 salas, e para isso temos a meta de chegar a 100 salas disponíveis para incubação. Há muitas salas disponíveis no prédio da Incubadora, são salas antigas e precisam ser reformadas.

Do nosso ponto de vista, levando em consideração vários dos aspectos sobre os quais já respondi, é preciso considerar que nem todos os jovens recém-formados têm interesse em abrir sua empresa, boa parte deles acaba se empregando em indústrias locais. Contudo, acreditamos que atingindo a meta de 100 salas disponíveis, no máximo em 2 ou 3 anos já teremos conseguido ocupar todas elas com empresas incubadas.

A principal dificuldade para o crescimento da Incubadora é justamente a infraestrutura de incubação, já que o total de salas alugadas já está próximo de atingir a saturação, ou seja, em breve ficaremos sem salas disponíveis para oferecer porque todas já estarão ocupadas.

Temos a ideia de abrir entre 20 a 30 salas num prazo de 12 meses, chegando a 50 novas salas em 24 meses, além da abertura de uma oficina e um laboratório para uso dos incubados, num prazo de 36 meses.